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Cuba: Raul Castro se aposenta e teme ‘destruição do socialismo’

Líder comunista reconheceu "problemas estruturais" no modelo econômico do país

Pleno.News - 17/04/2021 09h54 | atualizado em 17/04/2021 10h31

Raúl Castro se aposenta revela temor sobre “destruição do socialismo” em Cuba Foto: EFE/ACN/Ariel Ley Royero

O primeiro secretário do Partido Comunista de Cuba (PCC), Raúl Castro, reconheceu nesta sexta-feira (16) os “problemas estruturais” da economia do país, que vive uma grave crise, mas ordenou que se continue a colocar limites ao setor privado para evitar o que chamou de “destruição do socialismo”.

– O governo cubano não deixou de estar presente com problemas estruturais do modelo econômico que não incentivam o trabalho e a inovação – disse Castro em sua leitura do relatório central do VIII Congresso do partido único cubano, que começou hoje.

O conclave de quatro dias marcará a despedida de Castro, de 89 anos, como primeiro secretário do partido e sua substituição pelo atual presidente de Cuba, Miguel Diaz-Canel. Ambos comandam o encontro, que conta com a participação de cerca de 300 delegados e está sendo realizado a portas fechadas e sem acesso à imprensa estrangeira.

TUDO TEM SEU LIMITE
Em seu discurso, divulgado pela imprensa oficial cubana, Castro apostou em “consolidar o processo de investimentos” e aumentar a eficiência do setor estatal “ao mesmo tempo em que as formas de gestão não estatal se tornam mais flexíveis e institucionalizadas”, um processo em andamento há mais de uma década que já legalizou algumas empresas privadas, como restaurantes, casas de aluguel e salões de cabeleireiro.

Apesar desses avanços, “há limites que não podemos ultrapassar, porque isso levaria à destruição do socialismo”, disse o irmão do ex-líder cubano Fidel Castro, após esclarecer que o Estado deve manter “o controle dos meios fundamentais de produção” e, portanto, o monopólio de setores-chave da economia, assim como das redes de importação e comércio.

Raúl Castro afirmou que continuará em vigor a chamada Tarefa de Ordenamento, um plano de choque aplicado desde janeiro que unificou as duas divisas em circulação, multiplicou tanto os salários como os preços, para incentivar o trabalho, e “dolarizou” parte do comércio, provocando a desvalorização da moeda local e o descontentamento dos cidadãos sem acesso à moeda estrangeira.

O ex-presidente cubano confirmou que as vendas de produtos em dólares – estendidas a uma grande parte da rede comercial e especialmente às lojas menos abastecidas – continuarão indefinidamente até que a economia se recupere e a convertibilidade da moeda cubana esteja garantida.

Castro ressaltou que as reformas econômicas foram elaboradas “com a participação de especialistas, economistas, acadêmicos e a experiência da China e do Vietnã”, embora, acrescentou ele, com “diferenças” em relação aos dois países asiáticos.

PROMESSA DO “SOCIALISMO PRÓSPERO”
O ainda líder máximo do partido único cubano confia que a Tarefa de Ordenamento permitirá em algum momento “alcançar um socialismo próspero e sustentável”, promessa formulada há seis décadas por seu irmão Fidel.

O discurso de Raúl Castro no VIII Congresso ocorreu em meio a um momento de difícil situação econômica dos cubanos, que sofrem com a escassez de todos os tipos de produtos – desde alimentos e produtos de higiene pessoal até medicamentos, eletrodomésticos e veículos – e ficam em longas filas em frente às lojas quando algo está disponível.

A pandemia do novo coronavírus e o aperto do embargo dos EUA contribuíram para agravar esta crise, enraizada no déficit crônico da balança comercial e nas grandes dívidas de um país que gasta mais do que arrecada devido a sua produção reduzida e sua alta dependência das importações.

A economia de Cuba sofreu um tombo de 11% no ano passado, de acordo com números oficiais.

– Não podemos gastar mais do que geramos em renda – advertiu Castro, que por outro lado agradeceu o entendimento demonstrado pelos credores, incluindo o Clube de Paris, quanto à reestruturação das dívidas de Cuba.

*Co informações da agência EFE

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