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"A pobreza faz circular o vírus", diz médico argentino

Monique Mello - 28/05/2021 13h26 | atualizado em 28/05/2021 14h14

Argentina voltou a ultrapassar marca de 40 mil casos diários de Covid-19 Foto: Reprodução

A Argentina está sofrendo as consequências da segunda onda da pandemia do coronavírus, com números de contágio que atingiram seu recorde nesta quinta-feira (27), com 41.080 novos casos. Com isso, o total de infectados no país vizinho subiu para 3.663.215.

A situação sanitária levou o governo argentino a decretar na semana passada restrições rigorosas à mobilidade por um período de dez dias, com a suspensão de todas as atividades presenciais na esfera econômica e social e a proibição de circulação entre 18h e 6h. Tais medidas, no entanto, ainda não têm mostrado impacto no número de infecções, que continua aumentando.

Uma foto da estudante argentina Lara Arreguiz, de 22 anos, viralizou nas redes sociais nesta quinta-feira (27). O registro, feito pela sua mãe, mostra a jovem, diagnosticada com Covid-19, deitada no chão do Hospital Prontomédico Manuel Rodríguez esperando atendimento. Foi seu último momento com vida, pois Lara faleceu horas depois. A jovem era diabética e ficou nove horas aguardando o chamado de algum médico.

Lara Arreguiz esperou atendimento por nove horas e não resistiu Foto: Reprodução/Twitter

Internautas compartilharam a imagem, tecendo criticas ao colapso na Saúde da Argentina, sobretudo ao governo de Alberto Fernández.

Fernández enfrenta protestos quase diários no centro da capital. Os protestos reúnem, entre outros grupos insatisfeitos, sindicatos contra cortes de empregos, enfermeiras da rede pública reclamando de atrasos salariais e organizações sociais exigindo mais planos para ajudar quem não pode trabalhar por causa do confinamento.

– As pessoas aqui estão cansadas das longas quarentenas, da situação econômica, da falta de vacinas. Mas os conspiradores que são antivacinas e anticientíficos são minoria – disse o Dr. Adolfo Rubinstein, ex-ministro da Saúde.

Existe também uma revolta em torno do escândalo do desvio da vacina para os políticos, no caso que passou a ser conhecido como o “portador da vacina”.

Além da politização da crise sanitária, epidemiologistas concordam que a situação na Argentina é grave e tende a agravar-se com a combinação das novas variantes com a disseminação do vírus (que não se concentra mais na região metropolitana de Buenos Aires) e com aumento da pobreza (que já afeta quase 50% da população).

– A pobreza faz circular o vírus, porque não há como evitar a concentração de pessoas em comunidades humildes que não dispõem dos elementos de higiene necessários – explica o médico Carlos Javier Reggazoni, ex-presidente do PAMI (órgão de saúde pública).

Ainda sim, Fernández e sua equipe repetem o discurso de que, mesmo em tempos difíceis como o atual, não há ninguém sem assistência.

– Eles podem criticar nossas medidas de combate à pandemia, mas a verdade é que não há imagens de pessoas morrendo em filas, caminhões refrigerados ou valas comuns na Argentina, como vimos em outros países, como Equador e Peru – disse o chefe de gabinete Santiago Cafiero, em recente encontro com jornalistas.

 

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