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Conheça a cristã condenada à morte por críticas ao islã

Asia Bibi passou 9 anos presa, mas foi inocentada no ano passado por falta de provas

Henrique Gimenes - 17/02/2019 18h32 | atualizado em 18/02/2019 18h05

Paquistanesa Asia Bibi Foto: Reprodução

Solta em novembro após passar nove anos presa, a paquistanesa Asia Bibi acabou indo parar na prisão por ser cristã em um país muçulmano. Tudo começou em 2009, enquanto ela trabalhava como agricultora em uma aldeia de Ittanwala, a cerca de 60 km de Lahore, importante cidade do Paquistão.

De acordo com a BBC, era um dia de calor e Asia saiu do local em que estava descansando com um jarro para buscar água. Ao voltar, decidiu beber um pouco, antes de servir seus colegas de trabalho muçulmanos. O grupo, no entanto, ficou furioso.

De acordo com as tradições do país, muçulmanos conservadores não gostam de comer ou beber junto de pessoas que praticam outras religiões, por considerá-las impuras. Os colegas acusam Asia de ser “suja” e indigna de beber no mesmo copo que eles. Ambos os lados entraram em discussão e trocaram ofensas.

Cinco dias depois, a polícia invadiu a casa de Asia Bibi e a acusou de ter insultado o profeta Maomé, principal símbolo do Islamismo. Um clérigo de sua aldeia também disse o mesmo dela.

Antes de ser presa por blasfêmia, a cristã ainda foi agredida por uma multidão em frente sua casa.

Julgada em 2010, Asia disse que era inocente, mas acabou sendo condenada à morte. Ela passou nove anos presa em regime de solitária. Após o episódio, sua família precisou viver escondida e fugindo.

Em 31 de outubro de 2018, no entanto, Asia Bibi acabou sendo inocentada por falta de provas. A decisão da Suprema Corte do Paquistão gerou indignação da população, que acabou indo protestar, pedindo que sua pena de morte fosse cumprida.

Asia Bibi, cristã condenada à morte no Paquistão, foi absolvida Foto: EFE/Família Bibi

EMBATES NO PAÍS
O caso de Asia Bibi provocou indignação internacional, mas no Paquistão tornou-se em uma causa para os grupos e partidos islâmicos e levou a pelo menos dois assassinatos. O partido radical paquistanês ameaçou os juízes com “perigosas consequências” se Asia Bibi fosse declarada inocente.

Um deles, o do ex-governador de Punjab, Salman Tasir, morto em 2011 por defender publicamente a causa de Asia Bibi por um de seus guarda-costas, Mumtaz Qadri, que, por sua vez, foi executado em 2016 e enterrado depois como um herói.

O segundo foi o de um ministro cristão de Minorias, Shahbaz Bhatti, assassinado a tiros na porta de sua casa, também em 2011, por defender a cristã e opor-se à legislação contra a blasfêmia.

A dura lei anti-blasfêmia no Paquistão foi estabelecida na era colonial britânica para evitar confrontos religiosos, mas na década de 80, várias reformas patrocinadas pelo ditador Muhammad Zia-ul-Haq favoreceram o abuso desta norma.

Desde então, aconteceram mil acusações por blasfêmia, um crime que no Paquistão pode levar à pena de morte, embora ninguém nunca tenha sido executado por este crime.

*Com informações da Agência EFE

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