Com cemitérios fechados, Itália abriga corpos em igreja
Prefeito de Bergamo disse que não há crematórios suficientes
Gabriela Doria - 17/03/2020 17h49 | atualizado em 17/03/2020 19h42
Com mais de 2,5 mil mortes por Covid-19 e mais de 25 mil infectados, a Itália enfrenta uma crise humanitária histórica. Retrato disso é o que vive a pequena cidade de Bergamo, ao Norte do país, região mais afetada da Itália. Devido ao grande número de mortos, o prefeito Giorgio Gori admitiu que precisou alocar cadáveres dentro de uma igreja porque o cemitério precisou ser fechado.
– Tivemos que fechar o cemitério da cidade para proteger as pessoas mais velhas que estavam indo visitar seus entes queridos que morreram nas últimas semanas. Por outro lado, precisamos abrir o necrotério e a igreja do cemitério para abrigar a grande quantidade de cadáveres que se acumulou – disse Gori à BBC.
O prefeito também afirmou que está pedindo ajuda a outras províncias para conseguir remanejar os cadáveres.
– Precisamos, inclusive, pedir ajuda a outras cidades para que nos deixassem usar seus fornos crematórios, porque os nossos não são mais suficientes. A primeira cidade foi Civitavecchia (próxima a Roma, a cerca de 600 km de Bergamo), e ontem o prefeito de Modena (na Emilia Romana, outra das regiões mais afetadas pela epidemia) me ligou para dizer que poderiam cremar 25 cadáveres. Em breve enviarei um conjunto de cartas para informar a prefeitos de outras cidades que estamos passando esse triste fardo para eles – lamentou.
Apesar do caos, Gori destacou que há iniciativas de solidariedade que tentam amenizar o problema, principalmente para aqueles que estão nos grupos de risco.
– Centenas de voluntários se colocaram à disposição para levar alimentos, remédios e assistência, especialmente aos idosos que vivem sozinhos. Infelizmente, máscaras de proteção estão em falta. Estamos procurando por toda parte, pedindo que qualquer um envie o que puder, na Itália ou em outros países, pois esses voluntários não podem trabalhar sem proteção. A outra iniciativa é a dos trabalhadores de nossas bibliotecas comunitárias, que leem contos pelo Facebook para as crianças que estão em casa e não podem ir às escolas. Eles até inventaram um novo conto – declarou.
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