Charles substitui Elizabeth II e sinaliza começo de transição
Em 70 anos de reinado, a rainha britânica deixou de discursar no Parlamento apenas duas vezes
Pleno.News - 10/05/2022 16h38 | atualizado em 10/05/2022 17h27
A rainha Elizabeth II foi substituída pelo príncipe Charles durante o simbólico “discurso do trono” na abertura do Parlamento do Reino Unido, nesta terça-feira (10), em uma sinalização de que a monarquia britânica se prepara para uma transição de poder no trono. Elizabeth, atualmente com 96 anos, costuma abrir as sessões especiais do Parlamento, fazendo a leitura do programa legislativo elaborado pelo governo para os 12 meses seguintes.
Em 70 anos de reinado, ela faltou ao evento em apenas duas ocasiões: em 1959 e 1963, quando estava grávida dos príncipes Andrew e Edward. A ausência da rainha já havia sido anunciada pelo Palácio de Buckingham na segunda (9), mencionando “problemas de mobilidade”.
– A rainha continua sofrendo problemas episódicos de mobilidade e, após consultar seus médicos, decidiu relutantemente não participar do discurso do trono – explicou a Casa Real em uma nota.
A saúde de Elizabeth é motivo de preocupação desde que os médicos ordenaram que ela ficasse de repouso em outubro do ano passado. Além disso, a monarca passou uma noite hospitalizada para ser submetida a exames médicos que nunca foram detalhados pela Casa Real. Desde então, a rainha cancelou a participação em grandes eventos e chegou a ser vista caminhando com dificuldades com o auxílio de uma bengala.
Em contrapartida, o príncipe Charles, de 73 anos, cada vez mais substitui a mãe em eventos oficiais, o que é entendido, por analistas e pela imprensa britânica, como um sinal claro de uma transição de poder suave da monarca que há mais tempo ocupa o trono britânico e seu príncipe herdeiro.
Apesar disso, a liderança de Elizabeth foi respeitada mesmo em sua ausência. Charles não chegou ao Parlamento de carruagem, como a rainha costuma fazer, mas sim em um Rolls-Royce com teto transparente. Ele não vestiu a tradicional capa de armino, nem a pesada coroa ornada com pedras preciosas, que “presidiu” a sessão sobre uma almofada diante do espaço vazio.
O príncipe de Gales se sentou ao lado, em um trono menor, que já havia ocupado em outras ocasiões ao lado de Elizabeth. Vestindo um uniforme militar com várias condecorações e acompanhado pela esposa, Camilla, e pelo filho mais velho, William, ele leu o discurso com a mesma voz monótona, solene e aplicada da rainha, diante dos deputados e dos lordes reunidos na Câmara Alta do Parlamento.
Ao contrário de Elizabeth, que anunciava o que “meu governo” pretendia fazer, Charles se referiu durante todo discurso ao “governo de sua majestade”.
O jornal britânico Daily Mail destacou que toda a pompa da cerimônia, com a coroa britânica sendo escoltada por arautos, mostra que “a rainha ainda está no comando”, acrescentando: “Mas não se enganem, este é um momento histórico para a coroa”.
Prestes a completar 70 anos à frente da coroa britânica, Elizabeth já é a rainha mais longeva da história do Reino Unido. Mesmo com recorrentes problemas de saúde que vêm sendo noticiados desde o ano passado, ela não parece disposta a abrir mão de seus deveres reais – especialmente neste ano, em que seu “jubileu de platina” será comemorado com quatro dias de festas, entre 2 e 5 de junho.
Analistas e observadores da monarquia costumam citar um discurso histórico, feito por Elizabeth na rádio em seu aniversário de 21 anos, durante uma viagem à África do Sul com sua família, em 21 de abril de 1947. A então princesa prometeu dedicar toda a vida a servir seu povo – e todos a consideram determinada a não abdicar do trono.
*AE
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