“Carniceiro de Teerã”: Entenda o apelido do presidente iraniano
Ebrahim Raisi ganhou a alcunha devido a atos de violência e infração aos direitos humanos
Thamirys Andrade - 20/05/2024 14h02 | atualizado em 20/05/2024 15h10

O presidente iraniano Ebrahim Raisi, que morreu neste domingo (19), aos 63 anos, em decorrência da queda de seu helicóptero, era conhecido como o “carniceiro de Teerã”. Criada devido a atos de violência perpetrados por ele, a alcunha surgiu na época em que Raisi tinha 25 anos e integrava os tribunais secretos de 1988 como um dos juízes do chamado “Comitê da Morte”.
À época, o comitê determinou um massacre após a guerra entre o Irã e o Iraque, mais precisamente entre o fim de julho e o início de setembro. Milhares de prisioneiros políticos, a maioria da oposição, foram executados supostamente sob a supervisão de Ebrahim.
Estima-se que cerca de 4,5 mil a 5 mil pessoas morreram na campanha e foram enterradas em valas comuns, sem identificação. A participação de Raisi chegou a ser denunciada pela Anistia Internacional. Ele negava ter sido responsável pelas sentenças de morte, que foram consideradas crime contra a humanidade.
Apoiado pelo líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, Ebrahim tornou-se chefe do Judiciário em 2019 e vice-presidente da Assembleia de Peritos, em 2020. Durante esse período, ele manteve o Irã entre o país que mais mata no mundo depois da China, e chegou a ser alvo de sanções por parte dos Estados Unidos, determinadas pelo ex-presidente Donald Trump.
Raisi chegou à Presidência do Irã em 2021, em eleições contestadas. Em seu mandato, ele foi acusado de ter violado direitos humanos de mulheres e minorias, e promoveu uma forte repressão a dissidentes e estrangeiros acusados de espionagem.
Sua política tornou-se ainda mais dura após a onda de protestos causados pela morte da jovem Mahsa Amini, causada porque ela não teria usado o véu na cabeça. Todos esses acontecimentos fortaleceram a alcunha de “carniceiro de Teerã” ou “açougueiro”, atribuída a ele.
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