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“Cancelamento” faz homem ser demitido injustamente

Emmanuel Cafferty fez sinal que foi encarado como gesto racista e que motivou a demissão dele

Paulo Moura - 21/07/2020 15h40 | atualizado em 21/07/2020 16h53

Homem perdeu o emprego por conta da cultura do cancelamento Foto: Arquivo Pessoal

Um sinal inocente de um lado, um homem com um celular na mão e uma conta no Twitter do outro, foram motivos suficientes para fazer com que o americano Emanuel Cafferty, de 47 anos, perdesse o que ele mesmo classificou de “melhor emprego” que já teve na vida. Um simples OK feito com as mãos, que não significaria nada em condições normais, arrasou a carreira de um homem graças à famigerada “cultura do cancelamento”.

O fato aconteceu no último dia 3 de junho, quando Cafferty voltava para casa depois de mais um dia de trabalho. A rotina dele era passar entre 8 e 12 horas diárias em inspeções na rede subterrânea de gás e eletricidade da cidade de San Diego, na Califórnia. Com a caminhonete da empresa, ele mantinha a janela aberta, com o braço esquerdo para fora e estalava as juntas dos dedos da mão esquerda distraidamente, com o polegar alongando os demais dedos em direção à palma da mão.

No momento em que fazia o movimento, um homem completamente desconhecido começou a xingar Cafferty, que inicialmente acreditou que tivesse fechado o desconhecido no trânsito. Porém, parados no semáforo, o homem não entendeu o motivo da raiva do motorista.

– Esse homem começou a buzinar e me xingar. Ele gritava: “Você vai continuar fazendo isso?” E sacou o celular para fotografar. Achei que eu talvez tivesse fechado ele no trânsito, por acidente. Mas estávamos os dois parados no semáforo, eu não estava entendendo nada – relatou.

Imagem de Cafferty fazendo o gesto que foi encarado como ato racista Foto: Reprodução

Apenas duas horas depois do fato, o supervisor de Emmanuel telefonou para dizer que ele havia sido denunciado como racista nas redes sociais e estava suspenso do trabalho, sem direito a salário. Uma hora depois, seus colegas chegaram à sua casa para levar a caminhonete e o computador da empresa embora. Após cinco dias depois, ele estava demitido.

– Foi assim que eu perdi o melhor emprego que já tive na vida – disse ele, que é filho de migrantes mexicanos.

Cafferty disse que não fazia ideia que o gesto a ele atribuído, comumente associado a “OK” nos Estados Unidos, pudesse ter conotação racista. No caso dele, para piorar, o homem afirmou que sequer estava fazendo o símbolo e que apenas estalou os dedos.

– No meu caso, nem era um símbolo, só estava estalando os dedos. Mas um homem branco interpretou como um gesto parecido com OK, que seria racista e disse isso a meus chefes, também brancos, que decidiram acreditar nele, não em mim, que não sou branco – afirmou.

O símbolo atribuído a Emmanuel começou a ganhar uma conotação racista quando foi adotado, em 2017, por usuários racistas em fóruns online como o 4chan. A própria organização recomenda cuidado na interpretação do sinal. A Anti-Defamation League, uma organização centenária que combate discursos de ódio, relata que o gesto, porém tem causado uma onda de falsas acusações de racismo.

– Na esmagadora maioria das vezes, o gesto significa consentimento ou aprovação. Por isso, não se pode presumir que alguém que faça o gesto o esteja usando em um contexto de racismo, a menos que exista outra evidência contextual para apoiar esse entendimento. Desde 2017, muitas pessoas foram falsamente acusadas de ser racistas ou supremacistas brancas por usarem o gesto no seu sentido tradicional e inócuo – alerta a organização.

E a atitude parece exatamente com o que foi tomada pelo autor da fotografia e do primeiro post contra Cafferty, que admitiu à equipe local da emissora americana NBC que pode ter exagerado na interpretação que fez do suposto gesto. Ele ainda disse que, apesar de ter marcado a empresa em que Cafferty trabalhava, não queria que o homem fosse demitido. O usuário apagou a mensagem original e a própria conta de Twitter, mas foi tarde demais, o homem já havia perdido seu emprego e sua fonte de renda.

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