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Bolívia: Em carta, Añez denuncia “torturas” desde que foi presa

Ex-presidente interina chama o governo do presidente Luis Arce de "ditadura"

Pleno.News - 23/03/2021 16h50 | atualizado em 23/03/2021 17h16

ex-presidente interina da Bolivia Jeanine Áñez

A ex-presidente interina da Bolivia Jeanine Áñez divulgou nesta terça-feira (23), em redes sociais, uma carta escrita à mão na qual denuncia torturas e abusos desde que foi detida, há uma semana, e chama o governo do presidente Luis Arce de “ditadura”.

– Ao povo boliviano, minhas primeiras palavras ao povo boliviano desde a prisão da ditadura – assim começa a carta da ex-governante, a primeira declaração dela desde que foi presa.

Áñez, que é processada pelo caso conhecido como “golpe de Estado” e acusada pelos crimes de sedição e terrorismo, argumenta várias vezes, ao longo das sete páginas da carta, que “não houve golpe de Estado, foi uma fraude” o que aconteceu na crise de 2019, que levou à renúncia do então presidente Evo Morales.

Ela argumenta que as palavras são de “coragem e firmeza”: “Esta é uma luta pela democracia, e vamos até ao fim”.

Na segunda-feira passada (15), Áñez completou uma semana reclusa em uma penitenciária desde que um juiz ordenou sua prisão preventiva, inicialmente por quatro meses e depois prorrogada para seis, devido ao risco de fuga.

SAÚDE
A saúde de Jeanine Áñez também se tornou uma batalha jurídica. Na sexta-feira passada (19), um juiz ordenou a transferência da reclusa para uma clínica devido à deterioração do estado clínico por causa de hipertensão, medida que horas depois foi revertida pelo mesmo magistrado, que solicitou uma mudança de prisão, efetivada na madrugada de sábado (20).

– Tiraram a minha liberdade. Agora, querem tirar a minha saúde – argumentou a política, observando que não foi autorizada a ser atendida por médicos independentes do governo, situação da qual diz “desconfiar” e que atribui a um “sistema de abuso e repressão”.

Áñez avisou que, se algo “importante” acontecer com sua saúde, os responsáveis diretos serão o presidente “Luis Arce (o ministro do Governo), Eduardo del Castillo (o comandante da Polícia), Jhonny Aguilera (o ministro da Justiça), Iván Lima e autoridades do sistema penitenciário”.

O diretor-geral do Regime Penitenciário Boliviano, Juan Carlos Limpias, esclareceu no sábado passado que a ordem judicial para levar Áñez a uma clínica foi revogada pelo mesmo juiz e que foi decidido transferi-la para outra prisão, para que o instituto forense fosse encarregado de “verificar o estado de saúde” da ex-governante.

– Sou mais uma. Sou serena. Aqui estou e aqui estarei até que o corpo aguente – comentou Áñez, reiterando que não tem qualquer intenção de deixar a Bolívia.

DITADURA E ABUSOS
– Hoje, a ditadura me acusa de crimes que não cometi. Nunca fui terrorista. Assumi a presidência por sucessão constitucional para pacificar a Bolívia. Não houve golpe de Estado, houve fraude – denunciou Áñez sobre o processo contra ela, o qual descreve, como a maioria da oposição, como uma “perseguição política”.

Áñez também disse ter sofrido “abusos” desde o momento em que foi detida na cidade natal, Trinidad, no departamento amazônico de Beni, sendo depois transferida em avião da Força Aérea Boliviana para La Paz e mantida nas instalações da Força Especial de Combate ao Crime (Felcc).

Segundo ela, seus sobrinhos, de 20 e 28 anos, foram torturados pelos agentes policiais que faziam parte da operação e outros membros da família, idosos e crianças, foram “ameaçados”.

– Não podemos entrar. Estou sem casa. Não podemos tirar a roupa, os meus medicamentos – disse a ex-presidente interina, que está detida na prisão feminina de Miraflores, isolada pela quarentena que deve manter de acordo com o protocolo contra a Covid-19 nas penitenciárias.

*EFE

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