Argentina confirma caso de fungo negro associado à Covid
País também investiga morte de paciente com possível quadro da doença
Pleno.News - 20/06/2021 11h37

As autoridades de saúde da Argentina confirmaram neste sábado (19) um caso de infecção por fungo negro em uma mulher que teve Covid-19 e permanece hospitalizada no norte do país e investiga a morte de um homem por um possível quadro de mucormicose.
Através de um comunicado, o Ministério da Saúde informou que recebeu a primeira notificação ao Sistema Nacional de Vigilância Sanitária de um caso de mucormicose, conhecida como infecção por fungo negro, associada a um paciente na província de Formosa, no norte do país, que teve infecção pelo coronavírus.
O documento relata também outro provável caso de mucormicose, também associado à Covid-19, que está sob investigação em uma morta pelo vírus SARS-CoV-2 na província de Buenos Aires.
Como resultado de ambos os casos, e respeitando o alerta emitido nesta semana pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o Ministério da Saúde argentino disse que entrou em contato com as equipes de saúde de todo o país. O objetivo é “fortalecer a capacidade de suspeitar da doença (mucormicose)” em pacientes com Covid-19, especialmente aqueles com diabetes mellitus, tratamento com corticosteroides ou outros imunossupressores.
A recomendação de saúde é fazer um diagnóstico precoce, iniciar o tratamento apropriado e relatar casos de acordo com os regulamentos atuais.
CASO CONFIRMADO
Segundo o comunicado do Ministério, o caso relatado em Formosa é o de uma mulher de 47 anos, com histórico de hipertensão e diabetes mellitus tipo II, que começou a apresentar sintomas de Covid-19 em 11 de maio. Devido à doença, ela passou um tempo em um centro de isolamento.
Depois de receber alta por Covid-19, a mulher teve dor de cabeça e deficiência sensorial e então passou consultas médicas para uma lesão no palato, a placa óssea na parte superior da boca.
Após os exames pertinentes, em 9 de junho, ela foi internada para cirurgia. Uma amostra foi retirada para diagnóstico microbiológico no laboratório de Micologia do Hospital de Alta Complexidade de Formosa, e ela iniciou o tratamento antifúngico específico e a limpeza cirúrgica da área afetada.
Ainda segundo a nota, o diagnóstico de mucormicose foi confirmado em 12 de junho. A mulher ainda está sendo tratada, com um “prognóstico reservado”.
ALTA MORTALIDADE
O caso Formosa também foi confirmado no sábado pelas autoridades sanitárias provinciais.
– O que quer que possa ser feito, este fungo ainda tem uma taxa de mortalidade de 80% – advertiu o médico Julian Bibolini, integrante do Conselho de Atendimento Integral de Emergência da Covid-19 de Formosa, em uma entrevista coletiva na qual ele deu detalhes sobre o caso da mulher infectada.
O médico explicou que o fungo negro é “oportunista” porque aproveita a oportunidade para desenvolver infecções em pessoas com um sistema imunológico fraco, por exemplo, pessoas com patologias oncológicas, submetidas por muito tempo a tratamentos com corticosteroides ou que sofrem de diabetes não controlada.
Ele esclareceu que o fungo não está relacionado ao coronavírus em si, mas ressaltou que, desde o início da pandemia, tem aumentado mundialmente o uso de corticosteroides. Isso tem gerado uma diminuição das defesas em muitas pessoas, o que pode ser explorado pelo fungo negro.
Por sua vez, o Ministério da Saúde da Argentina alertou que a mucormicose é uma doença “angioinvasiva grave, rapidamente progressiva, que é muito rara na população em geral”, com uma taxa de mortalidade de entre 40% e 80%.
A pasta frisou que a Covid-19 pode se apresentar como uma pneumonia leve a potencialmente fatal, com coinfecções oportunistas causadas por diferentes bactérias e fungos, incluindo a mucormicose.
*EFE
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