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Após salvar cristã da pena de morte, advogado ajuda casal

Defensor livrou paquistanesa de condenação à morte e agora tenta salvar casal na mesma situação

Gabriela Doria - 15/05/2019 21h18

Asia Bibi e o advogado Saiful Malook Foto: Reprodução

O advogado que defendeu a paquistanesa cristã Asia Bibi da pena de morte, agora está cuidando de outro caso semelhante. Saiful Malook está representando um casal cristão que, assim como Asia, também foi condenado à morte por cometer blasfêmia.

De acordo com o Código Penal do Paquistão, a sentença de morte pode ser aplicada quando alguém “insulta” Maomé, o profeta do Islã.

No caso de Shagufta Kausar e Shafqat Masih, condenados em 2014, eles foram acusados de enviar mensagens de texto com blasfêmias para um muçulmano. Após a sentença, eles recorram ao Tribunal Superior de Lahore.

A esposa de Kausar, Shafqat Masih, está na mesma cela em que Asia Bibi ficou presa à espera da execução.

Agora, Saiful Malook se ofereceu para representar o casal e tentar reverter a pena. Acredita-se que haverá um novo julgamento em breve.

CONHEÇA A LUTA DE ASIA BIBI
Solta em novembro após passar nove anos presa, a paquistanesa Asia Bibi acabou indo parar na prisão por ser cristã em um país muçulmano. Tudo começou em 2009, enquanto ela trabalhava como agricultora em uma aldeia de Ittanwala, a cerca de 60 km de Lahore, importante cidade do Paquistão.

De acordo com a BBC, era um dia de calor e Asia saiu do local em que estava descansando com um jarro para buscar água. Ao voltar, decidiu beber um pouco, antes de servir seus colegas de trabalho muçulmanos. O grupo, no entanto, ficou furioso.

Segundo as tradições do país, muçulmanos conservadores não gostam de comer ou beber junto de pessoas que praticam outras religiões, por considerá-las impuras. Os colegas acusam Asia de ser “suja” e indigna de beber no mesmo copo que eles. Ambos os lados entraram em discussão e trocaram ofensas.

Cinco dias depois, a polícia invadiu a casa de Asia Bibi e a acusou de ter insultado o profeta Maomé, principal símbolo do Islamismo. Um clérigo de sua aldeia também disse o mesmo dela.

Antes de ser presa por blasfêmia, a cristã ainda foi agredida por uma multidão em frente a sua casa.

Julgada em 2010, Asia disse que era inocente, mas acabou sendo condenada à morte. Ela passou nove anos presa em regime de solitária. Após o episódio, sua família precisou viver escondida e fugindo.

Em 31 de outubro de 2018, no entanto, Asia Bibi acabou sendo inocentada por falta de provas. A decisão da Suprema Corte do Paquistão gerou indignação da população, que acabou indo protestar, pedindo que sua pena de morte fosse cumprida.

No início deste mês, Asia Bibi saiu do Paquistão em direção ao Canadá, onde está sua família.

Asia Bibi, cristã condenada à morte no Paquistão, foi absolvida Foto: EFE/Família Bibi

EMBATES NO PAÍS
O caso de Asia Bibi provocou indignação internacional, mas no Paquistão tornou-se em uma causa para os grupos e partidos islâmicos e levou a pelo menos dois assassinatos. O partido radical paquistanês ameaçou os juízes com “perigosas consequências” se Asia Bibi fosse declarada inocente.

Um deles, o do ex-governador de Punjab, Salman Tasir, morto em 2011 por defender publicamente a causa de Asia Bibi por um de seus guarda-costas, Mumtaz Qadri, que, por sua vez, foi executado em 2016 e enterrado depois como um herói.

O segundo foi o de um ministro cristão de Minorias, Shahbaz Bhatti, assassinado a tiros na porta de sua casa, também em 2011, por defender a cristã e opor-se à legislação contra a blasfêmia.

A dura lei anti-blasfêmia no Paquistão foi estabelecida na era colonial britânica para evitar confrontos religiosos, mas na década de 80, várias reformas patrocinadas pelo ditador Muhammad Zia-ul-Haq favoreceram o abuso desta norma.

Desde então, aconteceram mil acusações por blasfêmia, um crime que no Paquistão pode levar à pena de morte, embora ninguém nunca tenha sido executado por este crime.

*Com informações da Agência EFE

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