Leia também:
X Uruguai expõe divergências e não assina nota do Mercosul

Após defesa de Maduro, Lula admite ‘problemas’ na Venezuela

Presidente disse não conhecer os "pormenores dos problemas", mas que pretende buscar saber

Pleno.News - 04/07/2023 16h35 | atualizado em 04/07/2023 17h56

Lula Foto: EFE/André Borges

Cinco dias depois de declarar que a Venezuela “tem mais eleições do que no Brasil” e que o conceito de democracia é “relativo”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitiu que o país vizinho tem “problemas”. Em pronunciamento após assumir a presidência pro tempore do Mercosul, Lula afirmou que, na democracia, esses “problemas” devem ser enfrentados.

– Em relação à Venezuela, todos os problemas que a gente tiver em democracia, a gente não se esconde deles, a gente enfrenta. Eu não conheço pormenores do problema com a candidata da Venezuela, pretendo conhecer. Temos que conversar. O que não pode é isolar, e levar em conta que apenas os defeitos estão de um lado. Os defeitos são múltiplos. Precisamos conversar com todo mundo – acrescentou.

Lula não citou quais os “problemas” da Venezuela, ditadura aliada do PT marcada por violações de direitos humanos, mas reafirmou sua convicção sobre a necessidade de unir o Mercosul.

– Durante a minha campanha, a gente criou o lema “ninguém larga a mão de ninguém” – declarou.

DEFESA AO REGIME DE MADURO
Na semana passada, em entrevista a uma rádio, Lula defendeu o regime de Maduro.

– A Venezuela tem mais eleições do que o Brasil. O conceito de democracia é relativo para você e para mim – disse o presidente à Rádio Gaúcha.

Nesta terça-feira (4), o presidente da Argentina, Alberto Fernández, também saiu em defesa da Venezuela explicitamente. Ele criticou os países que pedem condenações à ditadura.

– Problemas da Venezuela pertencem aos venezuelanos, países não devem se intrometer em questões internas dos outros. Se querem realmente ajudar a Venezuela, voltem à mesa de diálogo – disparou o peronista.

– Quero lembrar que nós tivemos dentro do grupo de Lima uma compreensão clara da ingerência da Venezuela, que não iria resolver os problemas que a Venezuela tampouco tinha. A quantidade de exilados que tem a Venezuela é resultado das sanções econômicas que a Venezuela tem sofrido – seguiu Fernández, cutucando o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, crítico da Venezuela.

Em meio às reclamações do Uruguai sobre o protecionismo do Mercosul, Lula prometeu, à frente da presidência pro tempore do bloco, fazer um “esforço imenso” para diminuir a demanda dos países-membros.

– Se uma demanda leva muito tempo, vira coisa amarga, desagradável. Quero dar um salto de qualidade no funcionamento do Mercosul – acrescentou, prometendo “lealdade e dedicação” para o crescimento do bloco.

“CONSOLIDAR DEMOCRACIA É TAREFA PERMANENTE”
O presidente brasileiro evitou fazer a costumeira defesa da ditadura da Venezuela e afirmou que “consolidar a democracia será uma tarefa permanente”.

– Vamos propor a reinstalação do Foro Consultivo de Municípios e Estados Federados e realizar a Cúpula Social em formato presencial. Estou convicto que a construção de um Mercosul mais democrático e participativo é o caminho a trilhar – disse o petista no fórum.

Para Lula, é “urgente” renovar o compromisso do Mercosul com o Estado de direito.

– Como presidentes democraticamente eleitos, temos o desafio de enfrentar todos os que tentam se apropriar e perverter a democracia. Só a unidade do Mercosul, da América do Sul e da América Latina e do Caribe nos permitirá retomar o crescimento, combater as desigualdades, promover a inclusão, aprofundar a democracia e garantir nossos interesses em um mundo em transformação – declarou.

Lula prometeu em Puerto Iguazú se empenhar pessoalmente pela entrada da Bolívia do Mercosul, travada também no Congresso brasileiro, mas não citou a vontade da Venezuela em retornar ao bloco. Atualmente, a ditadura de Nicolás Maduro está suspensa do Mercosul, mas quer voltar a ele e tem o apoio de Lula, o que hoje não foi explicitado.

O presidente tem sido criticado por defender a ditadura da Venezuela, sua aliada na América do Sul. Na semana passada, Lula disse que democracia é algo relativo, fala que repercutiu negativamente nas redes sociais e até mesmo entre aliados.

*AE

Siga-nos nas nossas redes!
WhatsApp
Entre e receba as notícias do dia
Entrar no Canal
Telegram Entre e receba as notícias do dia Entrar no Grupo
O autor da mensagem, e não o Pleno.News, é o responsável pelo comentário.