Após casos de abusos, papa diz que é preciso “buscar a cura”
Pontífice fez declaração em agosto, mas conteúdo só foi liberado agora
Jade Nunes - 13/09/2018 10h43 | atualizado em 13/09/2018 10h57
O papa Francisco afirmou que não basta virar a página do “drama” dos abusos contra menores por parte de membros do clero, mas se deve buscar reparação para que as vítimas possam curar suas feridas.
– Acabar com isto não significa simplesmente virar a página, mas buscar uma cura, uma reparação, tudo que for necessário para curar as feridas e devolver a vida a tanta gente – disse o papa em um encontro particular que teve com jesuítas em Dublin, durante a viagem que realizou no final de agosto à República da Irlanda, e cujo conteúdo foi divulgado nesta quinta-feira (13).
Francisco, que se reuniu com mais de 50 jesuítas logo após se encontrar durante uma hora e meia com oito vítimas de abusos sexuais na Irlanda, qualificou de “drama” esses fatos que estão sendo descobertos em vários países, segundo a transcrição do encontro publicado hoje pela revista dos jesuítas Civiltà Cattolica.
– Este drama dos abusos, especialmente quando são muito difundidos e causam grande escândalo, tem por trás uma Igreja que é elitista e clericalista, uma incapacidade de estar perto do povo de Deus. O abuso sexual não é o primeiro. O primeiro abuso é o de poder e consciência – lhes disse o pontífice.
O papa afirmou que custou a crer nas histórias que viu documentadas nos relatórios elaborados recentemente sobre vários casos de abusos sexuais.
– Acabo de escutá-los agora na sala ao lado e estou profundamente comovido. Dou a vocês uma missão especial: limpem isto, mudem as consciências, não tenham medo de dizer as coisas claramente – lhes pediu o papa.
Francisco também disse que tinha ficado surpreso e horrorizado ao ser informado que na Irlanda aconteceram casos de mulheres solteiras das quais foram retirados seus filhos.
– Escutar isto me tocou profundamente o coração – afirmou.
Perguntado por um dos presentes o que pode ser feito para lutar contra os abusos, Francisco lhes disse:
– Temos que denunciar os casos que conhecemos.
*Com informações da Agência EFE
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