Pleno.News - 03/02/2021 16h16 | atualizado em 03/02/2021 17h10

O hospital NYU Langone, de Nova Iorque, anunciou nesta quarta-feira (3) que concluiu um transplante de rosto e duas mãos em um paciente de 22 anos que ficou gravemente ferido em um acidente de trânsito. Foi a primeira operação combinada deste tipo realizada com êxito em todo o mundo.

A cirurgia ocorreu no dia 12 de agosto e durou cerca de 23 horas, com a participação de uma equipe de mais de 140 pessoas, entre cirurgiões, enfermeiras e demais funcionários – explicou o hospital, em nota.

O paciente, Joe DiMeo, de Nova Jersei, sofreu queimaduras de terceiro grau em mais de 80% de seu corpo, durante um acidente de carro em julho de 2018. E, apesar de ter passado por cerca de 20 cirurgias reconstrutivas, ainda tinha lesões significativas. Entre outras coisas, DiMeo não tinha pontas dos dedos, lábios ou pálpebras, o que afetava sua capacidade de realizar as atividades diárias.

– Joe era um candidato ideal para este procedimento. Ele está extremamente motivado e determinado a reconquistar a independência perdida no acidente – explica o médico Eduardo D. Rodríguez, que comandou o transplante.

O transplante em DiMeo foi o quarto transplante de rosto realizado sob a direção de Rodríguez; e foi o primeiro de mãos.

De acordo com o hospital, há provas de que foram feitas duas tentativas no mundo para a realização do transplante de rosto e de mãos simultaneamente, mas elas tiveram resultados adversos – como a morte de um paciente, por infecção; e o outro não teve êxito com as mãos.

Nesse transplante em DiMeo, tanto o rosto quanto as mãos eram do mesmo doador e buscou-se concluir o procedimento o mais rápido possível, para minimizar o tempo em que os tecidos estavam sem receber sangue.

Devido às múltiplas transfusões de sangue e enxertos de pele que DiMeo recebeu até agora, seu sistema imunológico estava muito sensível, e seu Painel de Reatividade de Anticorpos (PRA) mostrou que a porcentagem de doadores que seu corpo rejeitaria seria de 94%.

Em outras palavras, o jovem tinha apenas 6% de chance de encontrar um doador compatível, o que, somado a outros fatores, “encontrar o doador perfeito para Joe era como encontrar uma agulha em um palheiro”, diz Rodriguez.

Apesar disso, não demorou muito para obterem sucesso, e DiMeo ficou apenas dez meses na lista de espera.

Várias tecnologias de ponta foram utilizadas na preparação da cirurgia, como o planejamento 3D, para alinhar perfeitamente os ossos e as placas e parafusos que foram colocados no paciente.

– Ensaiamos a cirurgia quase uma dúzia de vezes ao longo de um ano e, nas salas de operação, tínhamos equipes que garantiam que todos seguissem os passos exatamente, para que não perdessem o ritmo ou saíssem da sequência. No final, saiu melhor do que eu esperava – afirmou o médico.

Após a operação, DiMeo passou várias semanas no hospital NYU Langone – primeiro, na terapia intensiva e, depois, em uma unidade de reabilitação -, e uma vez liberado, continuou com várias horas de terapia de recuperação por dia.

Além disso, desde então ele passou por diversas cirurgias de acompanhamento para melhorar os resultados funcionais e estéticos.

– Tudo o que fazemos com ele visa levá-lo de volta às atividades diárias de que gostava, como comer e vestir-se, levantar pesos e jogar golfe – diz April D. O’Connell, especialista em reabilitação de mãos e membros.

O jovem considerou o transplante um “presente”.

– Este é um presente único na vida, e espero que a família possa ter algum conforto ao saber que parte do doador vive em mim – disse DiMeo no comunicado.

*Com informações da agência EFE

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