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Nascida de um estupro, mulher estuprada optou por ter o filho

Paula, criadora de uma entidade que atende mães vítimas de abuso, contou por que decidiu manter gravidez

Paulo Moura - 13/10/2020 11h42 | atualizado em 13/10/2020 14h18

Paula K. Peyton contou por que decidiu manter gravidez após estupro Foto: Reprodução

Nascida em 1991, após sua mãe engravidar vítima de um estupro e optar por ter a filha, a ativista norte-americana pró-vida Paula K. Peyton foi vítima exatamente do mesmo trauma pelo qual sua mãe passou quando, em 2017, foi abusada e ficou grávida. Apesar de ser pressionada para realizar o aborto da criança, Paula seguiu o exemplo da mãe e deu à luz a Kaleb, hoje com 3 anos.

Em entrevista concedida ao portal Gazeta do Povo, a ativista que criou uma fundação para ajudar outras mulheres que se veem na mesma situação pela qual passou, e também as crianças nascidas a partir de agressões sexuais, contou sua história de vida, o drama pessoal e o trauma que viveu ao passar pela mesma experiência que a mãe.

Paula relatou que tomou conhecimento de que nasceu por conta de um estupro depois de uma discussão entre a mãe e a avó. Na ocasião, ela conta que a avó disse que Paula “teria sido abortada se a mãe soubesse fazer as coisas direito”.

– Fiquei envergonhada e chorei muito naquele dia. Esses conceitos, de aborto e estupro, me foram apresentados de forma tão negativa que derrubaram minha autoestima – disse.

Já sobre o estupro que sofreu, a ativista afirmou que o fato aconteceu em janeiro de 2017, quando foi para a casa de um rapaz que estava conhecendo e, ao se levantar para ir embora depois de sentir desconfortável pela maneira como foi tocada pelo homem, ela foi abusada por ele e um amigo sob a mira de uma arma.

– Eu fiquei com hematomas e mais tarde desenvolvi uma infecção feia, que poderia causar aborto espontâneo. Sangrei muito na primeira metade da minha gravidez por causa dessa infecção – relatou.

Paula também destacou que, ao descobrir que estava grávida, encarou o momento como uma benção ao pensar que Deus tinha mantido sua vida para cuidar da criança. Ela destacou que jamais pensou em realizar um aborto.

– Eu sabia que Deus me tinha dado uma dor que eu conseguiria suportar, e tinha dado por uma razão. Nunca houve nenhuma dúvida em minha mente de que eu manteria o bebê. Ele era meu filho, e eu o amei instantaneamente – afirmou.

Criadora da fundação Hope After Rape Conception (Esperança para a Concepção após o Estupro, em português), Paula K. Peyton diz que hoje tem como objetivo oferecer esperança para mães que vivem a mesma situação pela qual ela passou.

– As necessidades de cada uma delas são diferentes. Algumas precisam apenas contar histórias que elas não se sentem seguras para compartilhar com os amigos e as famílias. Outras precisam de aconselhamento para lidar com o trauma, e muitas pedem aconselhamento legal porque os homens que as estupraram entram na justiça para ter o direito de visita ou de custódia das crianças – apontou.

A ativista diz que é a favor de que mulheres vítimas de abuso continuem a gravidez e que, em casos como de uma gravidez ectópica, onde a vida da mãe é ameaçada pelo fato de o bebê se implantar fora do útero, vale a intenção de fazer o parto para salvar a vida da mãe.

– Se a intenção é fazer o parto antes para garantir a saúde da mãe, e o bebê acaba morrendo por não conseguir sobreviver por conta própria, essa é uma situação inteiramente diferente da de arrancar o bebê do útero da mãe apenas por conveniência – completou.

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