Camille Dornelles - 19/11/2019 19h14 | atualizado em 19/11/2019 19h15

O pastor Davi Goes, líder do Ministério Canaã, em Fortaleza, Ceará, acumula títulos: pregador, escritor, empresário, militar, conselheiro e palestrante. Ele lançou seu Construindo uma Vida Incrível em formato ebook neste ano. A versão foi disponibilizada em agosto pelas plataformas digitais.

Ao Pleno.News, ele revelou que se inspirou em suas próprias experiências como conselheiro para tentar responder questionamentos de pessoas que precisam de ajuda. Em uma entrevista especial, o escritor se abriu sobre suas próprias lutas e processo pessoal para ter uma “vida incrível”.

Ele também falou sobre a mudança de carreira para seguir o ministério pastoral, sua família e traumas enfrentados.

Pleno.News Entrevista
Davi Goes
por Pleno.News - 19/11/2019

O senhor sempre quis ser pastor?
Não, na verdade eu nunca quis. Sou de uma família de gerações de pastores e eu via o meu pai e o meu avô sofrendo com a igreja, com o ministério. Eu queria ser empresário, queria ser militar. Eu já tinha começado a carreira militar e tinha colocado uma empresa de publicidade, eu tinha um futuro, mas quando Deus te chama você tem que largar tudo. Do nada eu perdi tudo. A empresa quebrou e eu entrei em um processo muito grande de depressão porque eu não entendia aquilo, mas Deus estava me preparando para um chamado. No auge da minha crise de depressão, quando eu tentei três vezes o suicídio…

É mesmo?
Vindo de uma família de pastores, toda evangélica, mesmo assim eu me vi em um estado crítico. Você não sabe o que é alguém colocar uma arma na cabeça. Eu coloquei um revólver 38 na cabeça e atirava. E eu via o tambor do revólver girando. Naquele momento eu chorei bastante e pedi a Deus uma luz. Foi exatamente naquele momento que nasceu dentro de mim o desejo de ajudar pessoas que estavam passando pelo mesmo que eu. Literalmente eu me vi Davi. “Livra-me pelo vale da sombra da morte”. Foi neste momento de trevas que eu vi a luz no fim do túnel. Eu tinha 22 anos.

Foi isso que o motivou a escrever seus dois últimos livros, Alma: Nosso Maior Tesouro e Construindo Uma Vida Incrível, que falam sobre depressão?
Exatamente. Eu tenho vários testemunhos de pessoas que estavam prontas para cometer suicídio. Como eu faço visitas aos quarteis, eu não vendo os livros aos militares, eu presenteio a eles. Imagina culto com 300, 400 militares. Quando eu termino de ministrar a Palavra eu dou um livro de presente a todos. E eu lembro um dia que um militar chegou para mim e disse: “o senhor salvou minha vida”. Ele disse que, no dia que estava pronto a cometer suicídio, ele estava no quartel e um amigo disse para ele assistir a um culto. “E eu saí do serviço e fui para o culto. Eu estava armado e pretendia sair dali e me suicidar. A Palavra toda foi para mim e quando eu abri o livro vi que aquilo estava falando comigo”, ele disse. Isso é muito forte!

O senhor passou por um problema de abuso sexual muito novo. Como o senhor conseguiu passar por isso?
Os pais deixaram de cuidar de seus filhos para cuidar da própria vida. Depois que criaram a creche, o pai sai de casa para o trabalho e a criança é criada pela professora e pelo diretor e o pai a pega à noite. Então o pai não está introjetando nenhum princípio, nenhum valor. Meu pai é pastor e eu ficava em casa com uma empregada doméstica. E aí dos 8 aos 11 anos uma mulher de 20 anos me abusava sexualmente. E eu não podia contar porque eu achava que, se eu contasse, meu pai iria me bater. Eu já entendia o que estava acontecendo. Ela morava na nossa casa e ia toda noite no meu quarto. Chegou num ponto em que meus pais viajaram por três dias e essa mulher levou a irmã dela. E aí ficou ela e a irmã dela me abusando durante três dias. Então eu cresci com um sentimento de nojo de mulheres. Não queria namorar, não queria contato. Mas na minha juventude eu tive uma experiência com Deus e me senti curado dessa repugnância que tinha das mulheres.

E você contou para os seus pais?
Vieram a saber só quando eu escrevi o meu livro. Eles nunca souberam. Eu já estava casado, com dois filhos. E quando eu escrevi o livro eu cheguei para os meus pais e pedi para lerem. Quando minha mãe terminou de ler, ela me ligou e “pelo amor de Deus, meu filho”. Quem é abusado sexualmente nunca conta porque carrega um sentimento de culpa. Eu tenho ajudado muitas pessoas que têm sido abusadas sexualmente. A gente sente um ódio muito grande e é muito difícil orar pelo agressor, mas eu ajudo as pessoas a perdoar. Hoje eu não tenho nenhum sentimento de ódio por essa mulher que fez isso comigo. Eu fui curado. Quando há cura não existe sequela. Quem gosta de remoer o passado é porque não foi curado.

Seu livro Construindo Uma Vida Incrível fala sobre a busca das pessoas pelo sucesso. Mas por que umas alcançam e outras não?
Posso responder de uma forma bem simples: porque não querem. Basta querer. Tudo o que eu quero e penso que necessito, eu posso fazer. Eu era adepto do refrigerante e coloquei na minha cabeça que não ia mais tomar. No dia 1º de janeiro de 2019 eu cortei totalmente. Na primeira semana foi terrível, mas eu disse que tinha que superar isto. Então aquelas pessoas que constroem uma vida incrível são as que visam o prêmio. No começo vou ficar frustrado porque não vou conseguir, mas eu vou trabalhar para conquistar algo. Se não deu certo hoje, amanhã vai dar certo. Se não deu amanhã, depois dará certo.

Confira a entrevista completa no vídeo acima.

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