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Por que reconhecer a Bíblia como patrimônio imaterial?

Pastor Luiz Sayão afirma que proposta é pertinente devido à relação da identidade brasileira com a cristandade

Rafael Ramos - 08/02/2019 14h44

Proposta quer reconhecer a Bíblia como Patrimônio Nacional, Cultural e Imaterial do Brasil e da Humanidade Foto: Aaron Burden

O início do ano legislativo na Câmara dos Deputados foi marcado pela entrega dos projetos de lei dos novos parlamentares. Um deles planeja reconhecer a Bíblia como “Patrimônio Nacional, Cultural e Imaterial do Brasil e da Humanidade”. A proposta foi feita pelo deputado e pastor Sargento Isidório (Avante-BA).

Colunista do Pleno.News, o pastor e biblista Luiz Sayão explica que a proposta é pertinente devido à relação da identidade brasileira com a cristandade. Tal honraria é dada a tudo que diz respeito às origens e raízes de determinada cultura, povo, nação e etnia e que devem ser mantidas e conservadas para gerações futuras.

– A cultura brasileira está imersa em uma raiz de tradição cristã muito forte e a referência máxima é a Bíblia. Nós fazemos parte de uma extensão da cultura ocidental européia que chamamos de cultura judaico-cristã. É impossível pensar no Brasil sem referência à cristandade, à Bíblia e essa cultura que envolve judeus, católicos, protestantes evangélicos e outras minorias cristãs. Os nomes das nossas cidades, acidentes geográficos, rios e montanhas se definem pela raiz que se encontra nas Escrituras.

Sayão ainda destaca marcos históricos que reforçam a proposta de Isidório como a primeira missa feita no Brasil. O país também tem a primeira sinagoga das Américas, em Recife, fundada pelo rabino Isaac Aboab da Fonseca. Além disso, o Brasil sediou o primeiro culto protestante nas Américas feito pelos pastores Pierre Richier e Guillaume Chartier, oriundos de Genebra.

– O reconhecimento é importante e muito significativo porque certifica uma realidade histórica e democrática. Não há como entender a cultura brasileira sem o papel das Escrituras. É um resgate importante que implica na nossa maneira de ser como Brasil. Independentemente de implicações teológicas, a Bíblia é a alma da cultura ocidental que marca a realidade das Américas, da Europa e de grande parte do mundo. É pertinente à nossa identidade no sentido pleno do tempo – diz o pastor.

SINÔNIMO
Ainda dentro da proposta, Sargento Isidório pretende “proibir o título Bíblia ou Bíblia Sagrada em qualquer publicação impressa ou eletrônica com conteúdo diferente do já consagrado há milênios pelas diversas religiões cristãs”. Nesse ponto, o pastor Luiz Sayão afirma que o próprio vocábulo Bíblia já se tornou sinônimo de “referência”, “última palavra” ou “livro mais importante”. Alguns exemplos estão presentes até em expressões cotidianas como “a Bíblia do vendedor” ou “a Bíblia do estudioso de gramática”.

– Temos uma série de publicações, até mesmo Bíblias de estudo, que recebem nomes diferentes linkados à Bíblia. O caminho não deve ser impedir a inclusão de determinado nome junto com a publicação, mas pensar se aquela inclusão de nome tem a proposta de ser ofensiva ou discriminatória a determinado grupo de pessoas.

Escola Bíblica Dominical ganhou o reconhecimento pelo governador do Rio de Janeiro Foto: Nicole Honeywill

ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
No dia 11 de janeiro, o Diário Oficial da União divulgou a decisão do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, em declarar a Escola Bíblica Dominical no Brasil como patrimônio imaterial do estado. O projeto de lei foi criado pelo deputado estadual e pastor Samuel Malafaia (Democratas).

– O projeto faz certo sentido porque a Escola Bíblica Dominical é um patrimônio histórico das tradições evangélicas e já tem presença secular, tanto no Rio quanto no Brasil. Ela faz parte da história de muita gente que compõe a realidade do estado do Rio de Janeiro. No entanto, é diferente da Bíblia, que é um tesouro muito mais amplo no ponto de vista emblemático e cultural. A EBD tem sua pertinência e relação com a história, cultura e realidade brasileira, mas é muito menor que o impacto das Escrituras. No entanto, não deixa de ter pertinência em nossa realidade – analisa Sayão.

A primeira Escola Bíblica Dominical no Brasil foi instalada em 19 de agosto de 1855, na cidade de Petrópolis, na Região Serrana do Rio. O fundador foi o casal Robert Kalley e Sarah Poulton Kalley. Robert foi um médico e missionário escocês de denominação Congregacional. Atualmente, a residência deles deu lugar a uma escola particular, no Centro Histórico da cidade.

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