Natalia Lopes - 17/06/2024 10h43

Entre outubro de 2022 e setembro de 2023, dos 15 países onde cristãos enfrentaram a perseguição mais violenta por causa da fé, 12 estão na África Subsaariana. Há dois países, além da Nigéria, onde a situação é mais preocupante: Burkina Faso e Mali, que juntos contabilizam mais da metade das mortes na região. Ambos registraram um grande aumento nos números de ataques. Apesar disso, a igreja local é resiliente e continua crescendo.

Esse é o caso de Fati* e sua família. Eles são apenas um exemplo de como Deus trabalha na vida dos que são perseguidos violentamente. Viver com medo é uma realidade diária para cristãos em Burkina Faso. Apesar do país ter vivido em paz por muito tempo, tudo mudou em 2016.

– A primeira vez que os jihadistas atacaram nossa vila, passaram o dia atirando para todos os lados. Após três dias, voltaram e passaram atirando por toda a vila. Também incendiaram mercado, casas e gado. Alguns moradores foram queimados em suas casas até a morte – conta Fati.

Esse nível de violência levou muitos a fugirem, porém, outros continuaram vivendo em suas casas.

– Apenas duas semanas depois, eles atacaram a vila novamente, porém com armas pesadas. As casas e o chão tremiam quando as armas eram disparadas. As balas feriram muitos dentro de casa – explica.

Após o ataque, muitos levaram comida e itens valiosos para vilas próximas caso precisassem fugir. Entretanto, os jihadistas surpreenderam a vila de Fati com o quarto ataque.

– Eles encontraram os moradores transportando seus bens; por isso, colocaram explosivos ao longo da estrada para impedi-los de passar – conta.

VIVOS PELA GRAÇA DE DEUS
Os militantes voltaram ainda outras duas vezes e não pouparam ninguém. Durante o último ataque, Fati escondia comida no vilarejo de Burzanga enquanto o marido estava com os filhos em um encontro de oração na vila onde moravam.

– Quando cheguei, não encontrei meus filhos e meu marido. Só depois os encontrei escondidos na mata. Fugimos imediatamente, o que não foi nada fácil para as crianças. Os pés deles estavam inchados, além da sede e da fome. Também nos perdemos na floresta, chegando apenas na manhã seguinte – conta.

Depois de uma semana, Fati e sua família foram para a capital, Uagadugu. Eles viram muitos corpos na estrada e tiveram certeza de que sobreviveram pela graça de Deus. Apesar disso, estavam prestes a descobrir que seus problemas estavam longe de terminar.

– Foi difícil conseguir comida, pois o que tínhamos levado foi roubado. (…) Nosso pastor nos abrigou e confortou. Outras pessoas da igreja também nos ajudaram – compartilha.

Entretanto, não puderam fazer muito, porque além das dificuldades para encontrar abrigo e comida, havia também o trauma. Mesmo assim, a família reconhece que Deus sempre esteve com eles.

Deus tem trabalhado na vida de outros deslocados para cumprir sua vontade. Apenas em Burkina Faso há mais de 2 milhões de pessoas deslocadas pelo extremismo islâmico.

AMPARO EM MEIO À CALAMIDADE
Apesar de enfrentarem tamanha violência, e das mais diferentes formas, os cristãos que vivem em países da África Subsaariana conseguem vivenciar as palavras do apóstolo Paulo em Romanos 8:37: “Em todas estas coisas somos mais que vencedores”. Cristãos como Fati* expressam sua gratidão ao serem amparados e ajudados por pastores e cristãos de igrejas locais, tendo a certeza de que, com Cristo, em tudo, são vitoriosos.

A Portas Abertas atua em Burkina Faso por meio da igreja local para levar ajuda física, espiritual e emocional para os cristãos mais afetados pela perseguição. Sua ajuda faz a diferença na vida de Fati e sua família.

– Eu gostaria de agradecer a todos que nos apoiaram em oração. Vocês nos ajudaram a carregar nosso fardo. Deus nos livrou das dificuldades, problemas e tentações. Quando acho que Ele nos abandonou, lembro das palavras Dele de que estaria conosco independentemente do que acontecesse. Então sabemos que Deus transformará nossa dor em alegria novamente.

HORA DE AGIR
Diante da violência extrema, igrejas na África Subsaariana precisam estar preparadas para socorrer as vítimas de ataques. Sua doação permite que congregações locais em Burkina Faso sejam capacitadas para auxiliar vítimas da perseguição violenta por meio de apoio em necessidades materiais e espirituais e cuidados pós-trauma. Clique aqui e saiba como ajudar.