Pastor testemunha após perder a esposa e o filho brutalmente
Cristãos na África Subsaariana precisam reconstruir a vida após perderem entes queridos por causa da violência
Natalia Lopes - 16/05/2024 11h41 | atualizado em 16/05/2024 11h47

Não é a primeira vez que abordamos a violência contra os cristãos em países da África Subsaariana. Lá está a maior e mais jovem Igreja da Terra, porém, há um ataque sem precedentes contra ela. O Índice Global de Terrorismo 2023 mostra que a violência na região aumentou mais de 2.000% nos últimos 15 anos. A área é considerada o epicentro do terrorismo, com mais mortes em 2022 do que em todo sul da Ásia, Oriente Médio e Norte da África juntos.
De acordo com a Lista Mundial da Perseguição (LMP) 2024, pesquisa da Portas Abertas que mostra onde os cristãos são mais perseguidos, uma estimativa conservadora é que 92% das 4.998 mortes de cristãos por causa da fé ocorreram na África Subsaariana. A maioria delas na Nigéria, país onde ocorreram 82% das mortes de cristãos entre 1º de outubro de 2022 e 30 de setembro de 2023.
Um exemplo da violência na Nigéria foram os ataques brutais ocorridos a comunidades cristãs em maio de 2023. Centenas de cristãos foram mortos e dezenas de milhares ficaram desabrigados. Os responsáveis foram radicais islâmicos da etnia fulani.

O evento mudou completamente a vida do pastor Zachariah. Na noite de 15 de maio de 2023, extremistas invadiram a vila do pastor. Ele não estava preparado para o que veria na manhã seguinte, após voltar de viagem.
– Encontrei corpos e feridos na estrada, além de casas incendiadas, incluindo a minha. Entrei e tentei encontrar minha esposa e meu filho. Encontrei seus corpos na cozinha e fiquei devastado. Aquele dia, chorei como nunca. Ao ver o corpo da minha mulher, lembrei da vida que tivemos juntos. Honestamente, isso me afetou muito. Desde o incidente, não importa o que faço, sempre me lembro do que passamos – recorda ele.
Muitos cristãos têm dificuldade para recomeçar após os ataques. Apesar disso, Zachariah permanece comprometido em pastorear o povo de Deus. Mesmo sendo um cristão maduro, ele não estava preparado para lidar com esse tipo de perda e trauma.
SOCORRO BEM PRESENTE
A violência que impacta a vida dos cristãos em países da África Subsaariana exige uma resposta. Muitos deles se sentem abandonados e precisam que a Igreja global se una a eles em oração e ação. Por isso, a Portas Abertas atua em diversas frentes. Em Mangu, a comunidade do pastor Zachariah na Nigéria, parceiros da Portas Abertas ofereceram cuidados pós-trauma.
– Eu aprendi que Deus permite algumas atrocidades e que devemos perdoar aqueles que nos atacaram. Esse ensinamento me encorajou muito, porque agora peço a Deus para perdoá-los e para que entrem no Reino de Deus. Antes de participar do programa, não conseguia nem dormir. Meus pensamentos ficavam apenas nos ataques, agora, minha mente está descansada – conta o pastor.
– Deus sabe de tudo e permitiu que minha família partisse, porque era o tempo. Ele decidiu chamá-los para casa. Para os que vivem uma situação parecida, minha oração é que confiem em Deus. Se tirarmos nossa atenção Nele, o veremos como alguém que não pode nos ajudar. Mas se crermos que pode fazer todas as coisas, não seremos abalados – testemunha.
HORA DE AGIR
Mesmo em meio à violência contra cristãos em toda a África Subsaariana, a Igreja é resiliente e está crescendo. Com uma doação, cristãos vítimas de violência recebem socorro imediato, cuidados pós-trauma e treinamento sobre como responder à perseguição de forma bíblica.
Saiba como ajudar em www.portasabertas.org.br
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