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Papa pede ao clero mudança de mentalidade contra abusos

Pontífice disse que a "atitude de acobertamento" permitiu que os agressores se perpetuassem

Jade Nunes - 04/01/2019 08h41 | atualizado em 04/01/2019 08h42

Papa Francisco enviou carta ao clero dos EUA Foto: EFE/Fabio Frustaci

O papa Francisco pediu ao clero dos Estados Unidos (EUA), em carta divulgada nesta quinta-feira (3) pela Santa Sé, que adote uma nova mentalidade no modo de exercer a autoridade diante da “ferida na credibilidade” gerada pelos casos de abusos.

O pontífice enviou esta carta, datada de 1º de janeiro, por ocasião dos exercícios espirituais que a Conferência Episcopal dos EUA realiza até o próximo dia 8 e aos quais Francisco planejava comparecer, embora não tenha conseguido por “problemas de logística”.

Na carta, o papa reconhece que “a credibilidade da Igreja se viu fortemente questionada e debilitada por estes pecados e crimes”, pelos abusos de poder, de consciência e sexuais, mas sobretudo pela vontade de querer dissimulá-los e escondê-los.

– A atitude de acobertamento, como sabemos, longe de ajudar a resolver os conflitos, permitiu que os mesmos se perpetuassem e ferissem mais profundamente o entrecruzado de relações que hoje estamos chamados a curar e recompor – escreveu o papa.

Segundo Francisco, para a “luta contra a cultura do abuso, a ferida na credibilidade, o desconcerto, a confusão e o desprestígio na missão, reivindicam e nos reivindicam uma renovada e decidida atitude para resolver o conflito”.

Isto implica, acrescentou, “na capacidade – ou não – que possuamos como comunidade de construir vínculos e espaços sãos e maduros, que saibam respeitar a integridade e a intimidade de cada pessoa”.

Também requer a “capacidade de convocar para despertar e dar confiança na construção de um projeto comum, amplo, humilde, seguro, sóbrio e transparente”, completou.

Além disso, segundo o papa, é preciso “não só uma nova organização, mas a conversão da nossa mente, da nossa maneira de rezar, de tramitar o poder e o dinheiro, de viver a autoridade e de como nos relacionamos entre nós e com o mundo”.

O papa ainda ressalta que o problema da credibilidade “não se resolve por decretos voluntaristas ou estabelecendo simplesmente novas comissões ou melhorando os organogramas de trabalho”, o que vê como mais próprio de “chefes de departamentos de recursos humanos”.

Nesse sentido, adverte que essa visão, embora em alguns casos seja necessária, é “insuficiente e termina reduzindo a missão do pastor e da Igreja a uma mera tarefa administrativa/organizativa na empresa da evangelização”.

Por fim, o pontífice pede unidade nesta missão, assim como para “romper o círculo vicioso da reprovação, da deslegitimação e do desprestígio” e para “evitar a maledicência e a calúnia”.

*Com informações da Agência EFE

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