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Missionário conta experiência em prisão na Coreia do Norte

Ele ficou preso durante dois anos por entrar no país com um HD de computador e por ser cristão

Gabriela Doria - 25/02/2018 17h35

Após ficar preso dois anos na Coreia do Norte, sob a acusação de conspirar contra o governo de Kim Jong-un, o missionário evangélico Kenneth Bae descreveu a difícil experiência à revista Deutsche Welle. Submetido a interrogatórios exaustivos, terror psicológico e trabalhos forçados, Bae conta que tudo começou por um descuido seu ao tentar entrar no país.

Kenneth Bae viaja o mundo falando sobre sua experiência na Coreia do Norte Foto: EFE/Salvatore Di Nolfi

– Eu tinha um disco rígido comigo que continha documentos ocidentais sobre a Coreia do Norte. Foi sem querer. Ele estava na minha bagagem sem eu perceber. Então, os norte-coreanos também descobriram que eu era missionário, e me acusaram de pretender pregar aos cidadãos e tentar derrubar o governo – relatou o americano.

Condenado a 15 anos de trabalhos forçados, o missionário contou que o que o manteve inabalável foi sua fé.

– Eu sou um missionário e tenho fé. No terceiro dia da minha detenção, tive uma espécie de experiência sobrenatural: eu estava numa sala fria, e de repente minha mão ficou bem quente, e o calor se espalhou por todo o meu braço. Eu sabia que era o calor de Deus: Ele está comigo e vai me salvar. A coisa mais difícil para mim era a espera, e não saber quando a hora finalmente chegaria – declarou Bae.

Apesar da fé inabalável, Bae revela que, além de estar sob custódia, sofria diariamente com a pressão psicológica exercida pelas autoridades com quem lidava. Ele conta que diziam todo os dias que ele já tinha sido esquecido pelos outros e que sairia dali somente com 60 anos.

– Eu me desesperava cada vez mais, às vezes ficava deprimido mesmo. Mas minha fé sempre me sustentava – revelou Bae.

Ele também destacou a rotina severa a que era submetido.

– Eu tinha que me levantar às seis da manhã, tomar café da manhã às sete, depois trabalhar das oito às seis, seis dias por semana – afirmou.

A dura rotina que pareceria se estender por longos anos terminou repentinamente, no fim de 2014, após dois anos de sentença. O ex-coordenador de inteligência dos EUA James Clapper viajou ao país especialmente para negociar a libertação de Bae e outro norte-americano, Matthew Todd Miller.

Atualmente, Bae vive na Coreia do Sul, onde fundou a ONG Nehemiah Global Initiative. Ele trabalha resgatando pessoas que conseguem fugir da Coreia do Norte em busca de uma vida nova.

– Nós temos por objetivo ajudar os refugiados norte-coreanos, apoiamos, por exemplo, quem conseguiu chegar à fronteira com a China e quer seguir para a Coreia do Sul – declarou o missionário.

E ainda que lembre com pesar do período em que ficou detido, Bae garante que foi um grande aprendizado.

– Claro que não quero reviver o que tive que passar. Mas ainda assim amadureci como ser humano. E é por isso que, de certa forma, vejo agora aqueles dois anos de detenção na Coreia do Norte como uma espécie de presente – destacou o evangélico.

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