Evangélicos lutam contra discriminação em Cuba
Governo do país tem apoiado apenas religiões de origem africana
Ana Luiza Menezes - 17/06/2018 17h35
Em Cuba, a Igreja Evangélica e outros credos estão insatisfeitos com o favoritismo que, segundo eles, o governo tem mostrado em relação às religiões afro-cubanas para a chamada Carta do Ano.
Este documento popular é emitido pela sociedade cultural iorubá de Cuba e pelo Conselho Cubano dos Sacerdotes Maiores de Ifá. Sua distribuição é feita por meio de uma cerimônia que começa em 31 de dezembro e termina em 1º de janeiro de cada ano.
Os iorubás proclamam abertamente a Carta do Ano sem dar oportunidade para outras religiões se expressarem.
– Primeiro, a Constituição reconhece que Cuba é um país laico. A Constituição não menciona que Cuba em um país afro-cubano com religiões ioruba. Não é um país católico, não é um país protestante, não é um país islâmico, é um país secular todos eles têm espaço – disse o advogado Miguel Pores.
Desde a sua criação, a revolução cubana foi solidificada nas ideias marxista-leninistas, sendo o materialismo o seu eixo central. Por muitos anos, não permitiu em suas fileiras praticantes de nenhuma religião.
Mas nos últimos anos tudo isso mudou. Parece que em Cuba, ou melhor, o governo cubano, com suas raízes afro-cubanas, adotou a religião iorubá como principal, dotando-a de muitos privilégios com os quais cubanos de outras crenças não contam.
– O sistema legal em Cuba, baseado na Constituição da República, deve garantir o livre exercício de todas as práticas religiosas e do governo que é o garante da Constituição. Ele deve fornecer a maneira pela qual as diferentes manifestações religiosas fazem uso deste exercício, sem influenciar ou apoiar de forma especial qualquer um deles – disse o Pastor Alberto Barea.
– O objetivo da Igreja, o propósito social é também abençoar nossa nação, ser capaz de abençoar os governantes de nossa nação, para poder abençoar o povo de Cuba que está em falta, tão necessária – declarou o pastor Ernesto Moya.
Definitivamente, este é um assunto que preocupa a Igreja no país, porque cada vez mais o favoritismo em relação às religiões afro-cubanas é percebido.
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