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Este ano, a comemoração se reveste de um significado todo especial

Pleno.News - 14/10/2017 08h32

Estátuas de Martinho Lutero pelo artista Ottmar Hoerl Foto: Divulgação/Christoph Busse

Por Alderi Souza de Matos

O início da Reforma é o acontecimento mais remoto comemorado regularmente pelos protestantes. Não existe nenhuma data anterior a 31 de outubro de 1517 lembrada com tanta frequência pelas igrejas evangélicas. Obviamente, ocorreram fatos de grande relevância na história do cristianismo nos períodos antigo e medieval. Todavia, nenhum deles é celebrado entre nós protestantes.

Neste ano de 2017, a efeméride – comemoração de uma data importante – se reveste de um significado todo especial. Trata-se de um marco muito singular em seu aspecto numérico: meio milênio da Reforma Protestante. Há 34 anos comemorou-se o quinto centenário do nascimento de Lutero. E, há oito anos, foi realizada a mesma
comemoração em relação a Calvino. Agora é o próprio pontapé inicial do movimento protestante que atinge esse marco de grande força simbólica.

No entanto, é muito mais que uma data inédita que se está comemorando. Acima de tudo, é preciso ter em mente as ideias, os desafios, o legado da obra de Lutero e seus companheiros. Muito se fala sobre o impacto da Reforma no mundo moderno. Apesar dos debates em torno do assunto, é forçoso reconhecer que um movimento tão vasto e
revolucionário teve importantes desdobramentos políticos, econômicos, educacionais e sociais.

Ainda que a Reforma tenha sido influenciada pelas condições político-sociais da época, ela foi, antes de tudo, um fenômeno religioso e espiritual; um verdadeiro avivamento evangélico. À luz da Escritura, ela promoveu uma reconsideração de todos os aspectos da vida cristã, a começar pelo entendimento da salvação e sobre o relacionamento das pessoas com Deus. Daí resultou uma nova visão da igreja, do culto, da espiritualidade, da ética e de outras questões essenciais.

Na verdade, essa visão não foi exatamente nova, mas buscou resgatar as ênfases originais da fé cristã, conforme expressas no Novo Testamento, o repositório dos ensinos de Cristo e dos apóstolos. Apesar da sua idade provecta, – “antiga” – a Reforma do século 16 não se esgotou, não se tornou obsoleta. Ainda temos muito a aprender com a sua mensagem, com os seus desafios. Seus princípios ainda precisam ser levados por nós até suas implicações mais profundas. É assim que devemos comemorar esse evento singular.

Alderi Souza de Matos é teólogo, pastor, escritor e o historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil.
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