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Professor usa a Bíblia para ensinar história a presidiários

Di-Gianne concorre a Educador do Ano com projeto "Regime fechado, Visão Aberta"

Jade Nunes - 03/10/2017 08h37

Professor Di-Gianne Foto: Arquivo pessoal

Di-Gianne de Oliveira Nunes, que dá aula há 10 anos, implementou o projeto “Regime fechado, Visão Aberta” no EJA (Educação de Jovens e Adultos) para alunos da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac) em Lagoa da Prata, Minas Gerais.

Em entrevista ao Pleno.News, Di-Gianne conta como a empreitada começou:

– Em uma aula a respeito das características do Império Romano, um aluno me questionou se havia possibilidade de estudar história a partir da Bíblia. Respondi que não é competência da disciplina questionar se o Mar Vermelho abriu, ou se Moisés existiu, como consta nas Escrituras. Isso faz parte da teologia e da fé de cada um. Mas podemos utilizar a Bíblia para entender os costumes, a sociedade, a evolução do direito, os conflitos, a geografia, pois os textos são bem ricos a respeito desses detalhes.

O professor diz que no dia seguinte à aula, uma ideia floresceu na cabeça dele. Quanto à reação que os presos tiveram frente à novidade, Di-Gianne afirma que foi a melhor possível:

– Eles tiveram uma enorme receptividade a respeito do projeto, foram os protagonistas. Ora os alunos liam a Bíblia e iam em outras fontes traçar um paralelo, ora liam sobre as civilizações e tentavam achar algo correspondente na Bíblia. Eles fizeram mapas, registros, desenhos. O mais impressionante foi a dedicação à leitura, a motivação, as pesquisas, a reflexão e os debates posteriores que fizemos.

Sobre a sensação de ter sido indicado ao prêmio, o professor relata que ficou muito feliz. Os alunos passaram a ter novas perspectivas de vida e, alguns, até pretendem cursar história.

– Nosso projeto motivou todo mundo, inclusive a família dos recuperandos. Sempre cito que uma mãe me ligou chorando quando saiu a notícia da vitória. Ela disse que seu filho havia somente saído em páginas policiais e agora, de repente, estava sendo citado num concurso em nível nacional promovido pela Victor Civita. Essa foi a parte que mais me emocionou até agora. Os alunos voltaram a acreditar neles mesmos.

Di-Gianne dá aula em presídios há quatro anos. Ele começou na mesma época em que a Secretaria de Educação do Estado de Minas decidiu levar o EJA aos presídios. Com o sucesso de “Regime Fechado, Visão Aberta”, o programa de educação para jovens e adultos deve ir para prisões de outras cidades. A cerimônia de premiação da Fundação Victor Civita acontecerá no dia 30 de outubro, em São Paulo, com a presença de todos os educadores finalistas.

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