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Escritor fala sobre a Reforma Protestante em cordel

Pernambucano acredita que o estilo literário ajuda as pessoas a entenderem a história

Jade Nunes - 19/10/2017 08h52

O escritor Jénerson Alves Foto: Arquivo pessoal

A literatura de cordel nasceu no século XVI, na Europa, para popularizar relatos que eram feitos pelos trovadores. Aqui no Brasil, o estilo literário desembarcou no século XVIII com os portugueses. Esse é um gênero poético por essência, mas também popular.

E foi exatamente para democratizar a mensagem do Evangelho e fazer com que a história da Reforma Protestante fosse mais conhecida, que o escritor Jénerson Alves resolveu escrever sobre o movimento de Martinho Lutero em A Reforma Protestante em Literatura de Cordel.

– O cordel é um gênero literário marcado pela narrativa. A métrica heptassilábica e o esquema de rimas são elementos que facilitam a memorização. Com isso, acredito que o cordel contribui para que o leitor tenha uma melhor compreensão dos fatos, os quais poderão ser aprofundados posteriormente através de outras leituras – afirma o escritor.

Ainda aos 13 anos de idade, Alves se aventurou no gênero pela primeira vez por incentivo da escola. Hoje, aos 30, e membro da Igreja Batista Emanuel em Caruaru, em Pernambuco, ele fala sobre o paralelo que enxerga em seu trabalho e a vontade de Lutero de levar ao povo os ensinamentos de Cristo.

– É possível observar que literatura de cordel costuma reaproveitar temas da tradição, apresentando-os com um olhar contemporâneo. Assim, o cordel não se limita a recontar fatos, mas a interpretá-los. Isto tem muitas semelhanças com o que defendia Martinho Lutero. Além do livre acesso, ou livre exame, do texto bíblico, ele defendia que os textos pudessem ser compreendidos de modo a serem aplicados na vida cotidiana dos crentes. Em A Liberdade do Cristão, o reformador declara que é “necessário e indispensável” que a pregação “afirme e entretenha a fé” – o que, segundo Lutero, só seria possível mediante o entendimento do motivo pelo qual Cristo veio e os benefícios oriundos de Sua vinda – explica Alves.

Capa da Reforma Protestante em História de Cordel Foto: Divulgação

O projeto tem sido bem recebido pelas lideranças evangélicas, como pastores e professores de Escola Dominical. Muitos entram em contato com o escritor com o intuito de utilizar o cordel como ferramenta pedagógica nas igrejas. Apesar da boa reação do público, a história traz críticas a uma parcela da comunidade cristã.

– Realmente um dos trechos é uma crítica às igrejas que transformam o púlpito em palco e esvaziam o ensinamento da Palavra. No entanto, não acredito que seja necessária uma “nova reforma”, mas um retorno aos princípios da Reforma, sintetizados pelos “cinco solas” (ele se refere às frases em latim que definem os princípios fundamentais da Reforma: Sola Scriptura (só as Escrituras); Solus Christus (só o Cristo); Sola gratia (só a graça); Sola fide (só a fé); e Sola Deo gloriae (só a Deus a glória).

Sobre o futuro, Jénerson Alves revela que pretende escrever histórias bíblicas em cordel:

– Os planos são muitos, inclusive cordéis voltados para o público infantil. Busco orientação do Espírito Santo para que, guiado por Ele, seja possível desenvolver trabalhos que glorifiquem e exaltem o Nome que está acima de todo nome, Jesus Cristo, e também sirva para um fim proveitoso no corpo de Cristo.

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