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Camille Dornelles - 29/10/2019 10h54 | atualizado em 29/10/2019 12h05

Comemorando 20 anos de carreira, a cantora Elaine Martins marcará 2019 e 2020 com diversos lançamentos. O trabalho mais recente, o single Agradeço ao Senhor, faz parte do DVD comemorativo e já está disponível.

O novo projeto, que será lançado aos poucos, foi tema da entrevista que a artista concedeu ao Pleno.News. Ela também relembrou o início do ministério, explicou o que faz para não ser tomada pela fama e ainda falou sobre sua família, luto e críticas ao longo da carreira.

Confira abaixo nossa entrevista.

Pleno.News Entrevista
Elaine Martins
por Pleno.News - 29/10/2019

Elaine, você está começando uma jornada para comemorar seus 20 anos de carreira no ano que vem. E você pensou em chegar nesta marca com o patamar que você conseguiu alcançar?
Não. Eu não imaginava que isso tudo fosse acontecer e a primeira canção que a gente está trabalhando do DVD é a música Agradeço ao Senhor. Quando eu vi o clipe da música eu comecei a chorar e a falar com Deus pensando em tantas coisas. Eu me voltei há 20 anos e pensei: “eu não me imaginei 20 anos depois esta Elaine com uma família, estabilizada, com uma gravadora”. Muitas vezes eu pensei em não cantar mais, em não gravar mais CD. E aí vendo isso tudo o que está acontecendo na minha vida e no meu ministério eu comecei a chorar e disse a Deus: “o Senhor é muito bom”.

Nossos leitores perguntaram muito sobre sua igreja. Você está há três anos na Assembleia de Deus Madureira. Como foi a chegada nessa igreja?
Eu vivi 18 anos em uma outra igreja e, para mim, foi tudo muito novo. Meu esposo e eu conversamos e decidimos ir para o Ministério Madureira e foi uma transição muito complicada, muito difícil. Eu vivia uma vida muito diferente, uma doutrina, um ensinamento diferente. Mas nós oramos muito. Eu orei muito com o meu esposo e nós pedimos uma direção a Deus e que Ele nos desse uma igreja que nos abraçasse como ovelhas. E foi exatamente isso o que aconteceu. E eu me encontrei no Ministério de Madureira, os meus pastores me veem assim, como ovelha e não como artista. A igreja me abraçou, abraçou a minha família e meus filhos foram apresentados lá. Graças a Deus tem sido uma bênção para a minha casa e para a minha família.

Elaine Martins fala sobre sua família e casamento Foto: Pleno.News

Como era a Elaine antes da fama?
Eu tenho uma chave porque o artista pode se deslumbrar com a fama, isso existe. E isso é perigoso, isso derruba, faz com que a pessoa se perca no meio do caminho. Eu sempre me lembro da minha raiz: eu vim da favela do Complexo do Alemão, eu perdi um irmão no tráfico de drogas quando eu tinha 17 anos. Eu sofri muito, eu chorei muito. Eu faço muitos trabalhos nas comunidades e há uma identificação porque eu vim da favela. Eu sei o que é correr de bala perdida, o que é entrar na casa de qualquer pessoa quando a polícia aparece, ficar atrás de um poste tentando se esconder… Essa é a realidade de quem mora numa favela e eu sempre trago à minha memória isso. Eu sou aquela menina que Deus decidiu exaltar. Eu não tinha ninguém, só uma promessa, mas quem me fez a promessa foi o dono de tudo.

E como você enfrentou o luto pelo seu irmão?
Eu perdi o meu irmão no tráfico. Já houve momentos da minha mãe se culpar pela morte do Leandro. E aí eu cheguei para ela e falei que o Leandro foi criado no mesmo caminho que eu. Eu nasci no berço evangélico e minha mãe levava ele para a mesma igreja, para a mesma consagração que eu, nós cantamos juntos no conjunto das crianças, eu tenho foto com ele uniformizados no coral infantil, nos adolescentes… O Senhor diz: “eu ponho diante de ti dois caminhos, o da vida e o da morte”. Então eu escolhi servir a Deus e ele escolheu o tráfico de drogas. E o tráfico é um caminho basicamente sem volta, na maioria das vezes de morte e de presídio. Ele sabia e, infelizmente, o caminho dele foi o da morte. Eu sofri muito, senti muito, mas encontrei a paz quando comecei a fazer o trabalho nas comunidades.

Elaine Martins deu recado para as mães que perderam seus filhos Foto: Pleno.News

E você está falando agora de evangelismo, eu queria que você contasse como foi que conheceu o seu marido, Oseas Chagas.
Eu trabalhava em um centro de recuperação como voluntária. O Oseas é fruto do meu trabalho, ele era viciado e disse que, quando me ouviu cantando, decidiu mudar de vida. Aí ele foi morar no centro de recuperação que eu trabalhava, chegou para mim e falou: “eu quero me casar com você”. Assim! Eu olhei para a cara dele e disse que não, que cara abusado! Aí passou o tempo e ele pediu desculpas disse que era para eu esquecer aquilo e que ele queria ser meu amigo. Aí tá bom. E o Oseas era muito de oração e então eu não o via mais como alguém que estava se recuperando, eu via o Oseas que estava querendo Deus. Três anos depois nós casamos e estamos juntos há oito anos.

E tem dois filhos lindos, né? Na verdade três, com o João?
Sim! Na verdade eu perdi um antes do Josué, no quarto mês de gravidez, por um aborto espontâneo. Quando eu era adolescente eu dizia: “Senhor, eu quero ter quatro filhos”. E está cumprido! Têm dois com Deus, dois comigo e pronto. As pessoas ficam me perguntando da menina e eu digo que não precisa de menina, vou ficar cercada de príncipes, está tudo muito bom! (risos). Eu sou muito feliz com os presentes que Deus me deu E eu sou muito feliz, meus filhos são minha vida, minha alegria. Quando o João faleceu, eu não sei se passei pela depressão, mas eu me fechei. (…) Mas o Joabe precisava de mim e ele me dava forçar para ir até o hospital todo dia. (…)

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