Leia também:
X Católicos e evangélicos se unem contra o aborto

Você discute política biblicamente?

Você discute política biblicamente?

Você discute política biblicamente? /Foto: Pixabay

Maurício Zágari - 31/08/2018 05h00

Eu, porém, lhes digo que basta irar-se contra alguém para estar sujeito a julgamento. Quem xingar alguém de estúpido, corre o risco de ser levado ao tribunal. Quem chamar alguém de louco, corre o risco de ir para o inferno de fogo.” Mateus 5:22

T

eremos eleições este ano. Tenho visto — e, possivelmente, você também — debates entre cristãos sobre a política nacional serem realizados de maneira nada cristã, em especial pelas redes sociais. Isso me fez refletir sobre se existe um modo bíblico de discutir política, em especial, neste ano de fortes emoções eleitorais.

Atualmente, poucos assuntos fazem cristãos se comportarem como se não fossem cristãos tanto quanto a política brasileira. Explosões, ofensas, desqualificações, ataques pessoais…

A triste realidade é que existem pessoas cujas paixões por políticos, partidos e ideologias mostram ser maiores do que seu amor por Cristo e pelo próximo. São cristãos, frequentam cultos, leem a Bíblia, cantam louvores, postam versículos nas redes sociais e se parecem com qualquer outro cristão. Mas, isso, só até alguém incomodá-los em suas paixões políticas e ideológicas. Quando isso acontece, eles explodem em ataques e posicionamentos bastante carnais e mundanos.

Foi isso que Jesus nos ensinou a fazer com pessoas que discordam de nós? Desde quando, o evangelho de Cristo nos dá carta branca para tratarmos de maneira depreciativa pessoas que divergem de nós em algumas questões da vida? O que, afinal, o evangelho nos ensina sobre o posicionamento correto em meio a discordâncias?

Ao longo deste ano, você verá muitos debates político-eleitorais. Possivelmente, será atraído para participar de alguns, em especial nas redes sociais. Muita gente do seu círculo de relacionamentos se posicionará discordando de um monte de coisas nas quais você acredita.

A questão é: o fato de ser um debate político lhe dá direito de colocar seu cristianismo de lado? O fato de alguém gostar daquele político ou daquele partido de que você não gosta lhe dá o direito de agir como um mundano, ofendendo, desmerecendo e desqualificando – e, no domingo, ir à igreja cantar, levantar as mãos e saudar com “a paz do Senhor” como se nada tivesse acontecido?

Todo eleitor — de que candidato for — é alguém criado à imagem e à semelhança do Senhor. Quem sou eu para tratá-lo de modo ultrajante simplesmente porque tem visões ideológicas ou políticas diferentes das minhas? Eu seria um louco se fizesse isso, à luz do evangelho. Leia o que Jesus nos disse em Mateus 5:21 e 22.

Não sei como você enxerga essas palavras de Jesus. Eu as enxergo com um monumental senso de temor e horror. São advertências gravíssimas, às quais multidões não dão nenhuma atenção. Acham legal e bonito Jesus ter dito isso, mas, na prática, basta alguém tocar no político ou no partido político de que são tietes para fazerem tudo ao contrário do que Jesus está dizendo aqui. Isso é grave — muito, muito grave. É um alerta que deveria nos lançar de joelhos, clamando por misericórdia, pelo nosso tão frequente pecado sem arrependimento nem confissão e, muito menos, abandono.

Você quer saber o jeito bíblico de discutir política em ano de eleição? É simples. Com amor. Com alegria. Com paz. Com paciência. Com amabilidade. Com bondade. Com fidelidade. Com mansidão. Com domínio próprio. Isto é, manifestando em nossas palavras e em nossos posicionamentos nas discussões sobre política as virtudes que o Espírito Santo manifesta naqueles que verdadeiramente são nascidos de novo pela graça da cruz e, por isso, se tornaram seu local especial de habitação.

Um verdadeiro Filho de Deus não porá de lado o fruto do Espírito porque alguém criticou seu candidato, seu partido ou a ideologia em que acredita. O evangelho está acima disso.

Essas eleições, aliás, são uma excelente ocasião para se testar a fidelidade de fé dos cristãos brasileiros. Vamos ver quem ama mais Lula do que Cristo. Quem ama mais Marina do que o irmão da igreja. Quem ama mais Bolsonaro do que o amigo do Facebook. Quem ama mais a direita ou a esquerda do que o próximo e, logo, o reino de Deus. Vamos ver quem sabe falar com mansidão para com todos, como Paulo nos orientou. Quem não deixa o sol se pôr sobre a própria ira. Quem é um pacificador e quem é um incitador. Quem ama o próximo como a si mesmo. Quem ama o inimigo, como Jesus ordenou. Será um ano de grandes revelações.

Lembre-se: no dia em que você der o passo derradeiro para fora desta vida, tudo isso ficará para trás. Mas o jeito como você se relacionou com o próximo nesta vida — inclusive o próximo que discorda de você e, até, o ofende — ecoará por toda a eternidade.

Maurício Zágari é teólogo, escritor, editor, comentarista bíblico e jornalista. Escreve regularmente em seu blog, Apenas. É membro da Igreja Cristã Nova Vida em Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro.
Siga-nos nas nossas redes!
WhatsApp
Entre e receba as notícias do dia
Entrar no Canal
Telegram Entre e receba as notícias do dia Entrar no Grupo
O autor da mensagem, e não o Pleno.News, é o responsável pelo comentário.