Israel Belo - 06/06/2020 08h00

“O óbvio é a verdade mais difícil de se enxergar”. (Clarice Lispector)

Predileto de Jesus era o pensamento de que “não há nada encoberto que não venha a ser revelado, nem oculto que não venha a ser conhecido”. Ele o mencionou para nos lembrar que as verdades que encarnou seriam valorizadas (Lucas 8.17), para nos advertir contra a hipocrisia (Mateus 10.26) e, diante das ameaças, nos acalmar (Marcos 4.22)
Assim, se fazemos o bem com uma mão para receber com a outra (Mateus 6.3), nossa verdadeira intenção um dia será percebida. Por mais que declaremos que agimos por bondade, acabaremos desmascarados se fizemos para receber algo em troca, seja um favor, um voto, um elogio, por um gesto que visou apenas melhorar nossa imagem pessoal ou organizacional. É uma questão de tempo: a verdade sobre nós aflorará.
Se traímos um amigo, um cônjuge, uma organização ou uma causa e procuramos manter escondido nosso erro, logo saberão onde está o nosso coração. Queimaremos por dentro (Salmo 32.2). Deixaremos indícios. Como não traímos sozinhos, a outra parte se alegrará ou se preocupará e compartilhará com alguém. É uma questão de tempo: a verdade sobre nós aparecerá.
Se o que somos e fazemos está errado, nosso único caminho é parar. Se estamos errados, estamos errados, sem explicações. Se não confessamos hoje por vergonha, maior amanhã ela será.
A verdade sobre nossas intenções e ações ruins é decepcionante, mas decepcionamos menos quando tomamos a iniciativa de revelá-la para mudar, num sinal que o cinismo ainda não nos dominou e que o nosso coração ainda não virou pedra (2Crônicas 36.13) e esperança para nós ainda há.

“Em Cristo, temos ousadia e acesso a Deus com confiança, mediante a fé nele”. (Efésios 3.12)

Israel Belo é graduado em Teologia e em Comunicação, pós-graduado em História, mestre em Teologia e doutor em Filosofia.

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