Léa Mendonça - 08/03/2020 08h00 | atualizado em 08/03/2020 08h02

“Os nossos sofrimentos, leves e momentâneos, estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles.” (2Co 4:17)

O que dizer sobre as tragédias que Deus permite que aconteçam? Será que estes momentos tão difíceis cumprem algum propósito? Se nós os virmos a partir de uma perspectiva eterna, sim, porque o que não faz sentido neste mundo fará perfeito sentido no próximo. Sei que você não se lembra do período pré-natal, mas cada dia de gestação preparou você para sua vida terrena. Seus ossos se modificaram, seus olhos se formaram, o cordão umbilical transportou nutrientes para que sua estrutura se desenvolvesse, e por qual razão? Para que você permanecesse no útero? Não, muito pelo contrário. O tempo no útero equipou você, adequou você para sua existência terrena.

Certos versículos da Bíblia parecem tão desnecessários como as narinas do feto: Sofrimento, solidão, doença, holocaustos, martírios… Se presumirmos que este mundo existe apenas para a felicidade antes da sepultura, essas atrocidades o desqualificam para essa tarefa, mas, e se esta terra for um ventre nos gerando para a vida eterna? Poderiam esses desafios, por mais severos que sejam, servir para nos preparar e nos equipar para o porvir?

Por que razão Jesus diria que o reino dos céus é de quem chora, é dos perseguidos, dos injuriados, adjetivos que este mundo ignora e despreza? Porque o que não faz sentido aqui, faz perfeito sentido ali. Eles serão consolados, herdarão galardões, serão fartos, alcançarão misericórdia, verão a Deus face a face, serão chamados filhos de Deus. Jesus não está falando do reino dos homens, mas do reinos dos céus (Mt 5:3-12).

Por que razão, o apóstolo Paulo escreveria: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos?” Ele mesmo responde : “Precisamos levar no corpo o morrer de Cristo, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo.” O apóstolo Pedro escreveu: “Amados não estranheis o fogo ardente que surge entre vós, destinado a provar-vos, como se coisa extraordinária vos estivesse acontecendo, pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também na revelação de sua glória vos alegreis sobremaneira” (1Pe 4:12-13).

Sim, a nossa perspectiva é eterna. O que não faz sentido neste mundo fará perfeito sentido na eternidade.

Léa Mendonça é pastora da Igreja Batista Nova Jerusalém, no Rio de Janeiro; cantora e escritora.

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