Israel Belo - 06/11/2019 05h00

“Para que chorar de remorso e saudade? / Custa tão pouco a felicidade: / dá-me uma flor antes que eu vá embora”. (Myrtes Mathias)

Julgar o outro, para o reprovar ou condenar, pode aguardar. Acolher o outro, para o vivificar, não pode esperar.
Uma crítica, mesmo necessária e urgente, pode aguardar. Um elogio transformador não pode esperar.
Uma discussão, seja ela estética ou política, por mais indispensável que seja, pode aguardar. Uma situação em que há risco de morte para alguém não pode esperar.
Comentar o gesto ou a decisão do outro pode aguardar. Dar um abraço regenerador no outro não pode esperar.
Quem está numa festa pode aguardar. Quem se angustia não pode esperar.
A compra de uma roupa nova ou de um bom sapato ou de uma casa nova pode aguardar. A entrega de um prato de comida ou de um frasco de remédio não pode esperar.
Um aniversariante pode nos aguardar.
O garçom no restaurante pode nos aguardar.
Um livro a ser lido ou escrito pode nos aguardar.
Uma ideia a ser exposta pode nos aguardar.
Um show pode esperar. Um culto pode esperar. Um comício pode esperar. Um palanque pode esperar.
Um náufrago não pode esperar.
Um aflito não pode esperar.
Uma palavra que salva não pode esperar.
Um desesperado não pode esperar.
Um solitário não pode esperar.
A fome não pode esperar.
A sede não pode esperar.
O afeto não pode esperar.
O socorro não pode esperar.
O prazer pode aguardar. O dever não pode esperar.
A inteligência pode aguardar. O amor não pode esperar.
Se tivermos que abençoar agora, não deixemos para depois. Depois pode ser tarde demais.

”Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”. _(Mateus 5.7)

Israel Belo é pastor da Igreja Batista Itacuruçá, na Tijuca, Rio de Janeiro, graduado em Teologia e Comunicação, pós-graduado em História, mestre em Teologia e doutor em Filosofia.

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