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Quem pratica a verdade tem prazer em andar na luz

Évilin Bastin - 27/04/2019 05h00


“Mas quem pratica a verdade vem para a luz, para que se veja claramente que as suas obras são realizadas por intermédio de Deus”
(João 3:21).

No Evangelho de João temos um contraste significativo entre duas passagens que se opõem, mas estão lado a lado, justo para enfatizar a diferença entre uma atitude e outra. São as narrativas dos capítulos três e quatro de João.

Uma pessoa vem falar com Jesus à noite e a outra em pleno sol de meio dia. Nicodemos está vacilante em crer; ele vem intencionalmente, é um dos principais doutores da lei entre o povo, mas não consegue captar a nova realidade acerca do novo nascimento do qual Jesus lhe fala. Já a mulher samaritana, longe de estar entre os principais, é considerada escória, tanto por ser samaritana, quanto por ser uma mulher que já esteve com cinco homens e nenhum deles ser seu marido de fato. Ela é surpreendida pela presença de Jesus, mas ela a acolhe e entende a mensagem de que Jesus é o Messias.

Nicodemos não está disposto a ser visto com Cristo, mas a samaritana quebra, juntinho com Jesus, os protocolos culturais de seu tempo. Ambos conversam, o que não seria permitido entre homens e mulheres, sobretudo em um lugar isolado e sem testemunhas, especialmente sendo Cristo judeu e ela samaritana. Aliás, um homem estranho não poderia nem ter contato visual com uma mulher em um espaço público, que dirá falar com ela. Mas Jesus não somente conversou com ela, como a convidou a ser Sua discípula e foi financiado por ela (Lucas 8.1-3).

Jesus ignorou 500 anos de hostilidade entre judeus e samaritanos, colocando de lado toda a amargura do passado histórico daquele povo. Samaria serviu de base, 300 anos antes desse diálogo, aos gregos que usaram a cidade como base de controle sobre o território judeu. Os samaritanos, por sua vez, espalharam ossos dos mortos sobre a área do templo na noite de Páscoa, tornando o ambiente impuro e impossibilitando que os judeus celebrassem a festa. Desde então havia estremecimentos de ambas as partes. Ao falar com ela, Jesus quer romper com as picuinhas e distanciamentos que separavam os dois povos.

Nicodemos evitou ser visto com Jesus, a quem os fariseus, grupo do qual fazia parte, odiavam e procuravam ocasião de destruir. Embora Nicodemos simpatizasse e reconhecesse Jesus como vindo de Deus, ainda se sentia restringido socialmente e não se sentia livre o suficiente para viver sua fé de forma plena. Jesus o provocou quando disse que “Os filhos da luz vêm para a luz, para que suas obras sejam manifestas”. A mensagem vem a calhar para alguém que o procurou durante a noite, justamente para não ser visto.

Como tenho vivido a minha fé ou a minha falta de fé? Tenho sido ao menos verdadeira quanto ao que creio de fato diante dos outros? Por que há coisas em nós que não queremos que os outros vejam? Por que não somos autênticos o suficiente para viver sob a luz do dia aquilo que acreditamos? Sou filha da luz, ou minhas ações estão escondidas devido às incoerências sombrias que existem dentro de mim?

Évilin Bastin é formada em Comunicação Social pela UFRJ e em Teologia pelo STBSB. Atuou como missionária pela JOCUM em diversos países e pela JMM na Índia por 3 anos. Atualmente é líder do ministério com estrangeiros na Gateway Community Church, estado de Wisconsin, EUA.
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