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Lições espirituais que a dieta me ensinou

Maurício Zágari - 18/05/2019 05h00


Em agosto de 2018, eu estava com 90 quilos e uma barriga de melancia. O exame de sangue acusou um monte de taxas acima do limite ideal como triglicerídeos, colesterol e glicose. Oito anos antes, eu tinha recebido o diagnóstico de hipertensão e me tornado dependente de dois comprimidos diários a fim de controlar a pressão. O cardiologista disse que, se eu não tomasse uma atitude, teria consequências. Por isso, marquei uma consulta com a nutricionista, que estabeleceu como meta uma perda de 12 quilos, e me receitou a reeducação alimentar. Por isso, a partir de 2 de outubro de 2018, comecei uma nova alimentação.

Vou resumir o que aconteceu. Três meses depois, os resultados foram assombrosos. Meu peso caiu de 90 para 76 quilos, 2 kg além da meta. Minha pressão normalizou. A barriga desapareceu completamente. Voltei a usar minhas roupas antigas. O exame de sangue mostrou que todas as taxas estão excelentes, normalizadas — a de triglicerídeos, por exemplo, caiu pela metade. O cardiologista deu o seu parecer: “Você está com uma saúde de garotão. Esses três meses de autocontrole e seriedade lhe garantiram alguns anos mais de vida”.

Por que estou compartilhando isso com você? Para contar-lhe as reflexões espirituais que esse processo provocou, na esperança de que contribuam com a sua jornada. Vamos a elas:

  1. É importante traçar metas e definir claramente como chegar lá. Saber que eu queria chegar aos 78 quilos me ajudou a ter determinação e motivação. Eu tinha um alvo a ser alcançado. Do mesmo modo, na vida espiritual, é interessante estabelecermos alvos. Assim, por exemplo, se você ainda não conhece direito a Bíblia, decida ler o texto da Escritura em, digamos, um ano. Se precisa se santificar em alguma área, estabeleça estratégias para isso. Portanto, veja onde quer chegar, planeje o trajeto e faça o que for preciso.
  2. Não abra exceções. Uma das maiores pragas de uma dieta alimentar são as exceções: “Ah, só hoje”, “Não vai ter problema comer só um pouquinho”, “Segunda-feira eu retomo”. Sabotagens semelhantes só destroem seu propósito. Se você traçou uma meta, não barganhe “poréns” consigo mesmo: seja rígido, rigoroso e inflexível. Do mesmo modo, na vida espiritual é importante não negociar o inegociável. Se você sabe, por exemplo, que estar com determinada pessoa vai levá-lo a pecar, corte o contato. Se você percebe que estar em determinado ambiente prejudica sua saúde espiritual, nunca mais apareça lá. E assim por diante.
  3. Dificulte seu acesso às tentações. É muito mais fácil não comer chocolate se você não tem chocolate em casa. Portanto, mantenha aquilo que sabota sua dieta o mais longe possível do seu alcance. Do mesmo modo, na vida espiritual você precisa identificar quais são suas maiores tentações e organizar, racionalmente, estratégias para não ter por perto o que pode levá-lo a pecar. É mais fácil não roubar se você não tem acesso ao dinheiro. É mais fácil não ver pornografia se você não tem um computador no quarto e uma chave na porta. E assim por diante.
  4. Não deixe que fracassos pontuais o façam desistir. É possível – embora não desejável – que você escorregue. Se você vacilou e comeu aquele bombom ou aquela fatia de pão, sacuda a poeira e retome de onde caiu. É incomparavelmente pior desistir do que dar um passo atrás e depois seguir caminhando para frente. Do mesmo modo, na vida espiritual quedas ocorrem. Se elas acontecerem, não desista, não se sinta sujo, não entregue os pontos, não se veja como um fracassado, não acredite na mentira de que Deus desistiu de você. O perdão está ao seu alcance, desde que você se arrependa. Confesse seu pecado e abandone o que o levou à queda. Busque ao Senhor em arrependimento, receba o perdão Dele e siga em paz.
  5. Valorize o que você vai ganhar e não o que você está perdendo. Não é fácil abrir mão daquela deliciosa pizza e comer salada com frango grelhado. Porém, se você mantém a mente focada no fato de que está passando por isso temporariamente para obter um benefício extremamente mais valioso dali a um tempo, tudo fica mais fácil. Do mesmo modo, na vida espiritual, saber que o prêmio mais à frente fará tudo valer a pena, deve ser um pensamento cristalizado em sua mente.
  6. Cuidado com os sabotadores. Frequentemente, quando você faz uma dieta com restrições, chega alguém para lhe oferecer um doce, dizer que um só bombom não fará diferença, que comer porções maiores do que a nutricionista recomendou não tem problema algum, coisas assim. Esses bem-intencionados sabotadores são terríveis, pois, em geral, eles conseguem nos arrastar para fazer o que não devíamos. Do mesmo modo, na vida espiritual os maiores erros que podemos cometer ocorrem sob a influência de pessoas. Cercar-se de gente que contribua com o seu avanço e que não o ancore ou faça retroceder é muito importante.
  7. Exerça o domínio próprio. Sem ele você não perde um grama sequer de peso. Essa virtude do fruto do Espírito é, em outras palavras, a capacidade de dizer “não” quando todas as fibras do seu ser querem dizer “sim”. Do mesmo modo, na vida espiritual o domínio próprio é essencial para uma vida de santidade e obediência a Deus.
  8. Pare de dar desculpas. É muito fácil fugir do caminho traçado quando se tem uma boa (e esfarrapada) desculpa. Justificativas para comer o que não deve não vão faltar, assim como existem milhões de justificativas para você ter uma vida espiritual de “obesidade mórbida”.

Não invente “boas desculpas” para fincar raízes na carne e tentar driblar Deus. Isso só fara de você um “obeso mórbido” espiritual.

Maurício Zágari é teólogo, escritor, editor, comentarista bíblico e jornalista. Escreve regularmente em seu blog, Apenas. É membro da Igreja Cristã Nova Vida em Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro.
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