Iury Rangel - 18/11/2019 05h00

“Ouvistes que foi dito: Olho por olho e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; e ao que quiser pleitear contigo e tirar-te a vestimenta, larga-lhe também a capa; e, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas” Mateus 5:38-41

Jesus não caminhou pelas metrópoles brasileiras, cujos índices de violência são sempre altos, mas isso não significa que ele não tenha convivido com crimes igualmente violentos. Sua cidade natal testemunhou uma chacina infantil (Mateus 2:13-18); na cidade onde cresceu, foi expulso e quase assassinado (Lucas 4:28-29). Jesus foi ainda vítima de discriminação (Lucas 9:51-56), roubo (João 12:6), injustiça (Mateus 26:59-66) e tortura (Mateus 26:67; Mateus 27:26; Mateus 27:29-30 e João 19:17-18).

Contudo, Jesus jamais devolveu uma agressão. Seu discurso e sua conduta eram sempre favoráveis à tolerância, respeito e perdão. Mesmo quando lhe quiseram defender com armas, Cristo recusou esse tipo de ajuda (Mateus 26:51-52).

Esse artigo não se propõe discutir políticas públicas, porte de armas ou a eficácia das ações policiais, mas sim até que ponto estamos deixando a violência urbana afetar nosso cristianismo. Em outras palavras, como tem sido nossa reação pessoal à violência que nos cerca? A morte do ímpio nos causa prazer ou lamento (Ezequiel 18:23-32)? A perda de bens materiais nos traz desespero ou segurança de que temos uma possessão eterna (Hebreus 10:34)?

Vivemos dias em que até os cristãos têm deixado o aumento da iniquidade esfriar seu amor (Mateus 24:12). Precisamos mudar esse cenário! Que a maldade dos outros não anule sua bondade (Romanos 12:17-21), e que o aumento do pecado não diminua seu amor pela alma do pecador (Mateus 5:44). Um dia o Juiz de toda a terra fará justiça. Cabe ao justo ter sede de justiça e praticar a justiça, sem, contudo, tentar fazer justiça com as próprias mãos.

Iury Rangel é evangelista da Palavra Viva Church, em Nova Iguaçu (RJ), teólogo, cientista da religião, professor e coordenador da Escola Teológica Dalet e formado em Gestão de Processos Gerenciais.

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