Marcelo Martins - 05/03/2018 05h00 | atualizado em 05/03/2018 11h11

“Mas o Senhor está em seu santo templo; diante dele fique em silêncio toda a terra.” Habacuque 2:20

A VIDA TEM SIDO TÃO ELETRIZANTE que estamos perdendo o valor do silêncio. Numa conversa entre amigos, raramente ouvimos tudo que o outro tem a dizer. A pessoa nem completou uma frase, e já a interrompemos para dar vazão aos nossos pensamentos e às nossas razões. Desaprendemos a ficar em silêncio. Não nos lembramos mais o que significa “ouvir”.

Há pessoas que só conseguem trabalhar (e até dormir) ouvindo música. Isso é bom por um momento, mas não sempre. Em algumas igrejas, o som é tão alto — mas tão alto — que não dá para entender o que os levitas estão tentando cantar. Mesmo durante o culto, há um burburinho que se percebe ao lado, pessoas que não conseguem guardar a voz nem que seja por alguns minutos. Não nos prostramos mais para contemplar a beleza da santidade do Senhor… em silêncio. Alguém consegue ficar pulando e gritando diante do Grand Canyon?

Nossas orações são um falatório sem fim. Falamos e pedimos. Reclamamos com Deus e pedimos mais um pouco. E, quando — uma vez por ano, talvez — resolvemos ficar em silêncio para tentar ouvir a voz do Espírito, é como aquele angustiante “minuto de silêncio” que os jogadores fazem antes de uma partida. Nunca chega a dar um minuto.

Será que temos medo do silêncio? Ou medo de ficar a sós com o nosso eu? O silêncio assusta porque revela em que estamos pensando, expõe as intenções do nosso coração.

Como podemos ouvir a voz de Deus, suas orientações, se não ficamos em silêncio? Há momentos em que podemos explodir nossa voz para o mundo inteiro ouvir. Mas há momentos também em que precisamos parar tudo e ouvir… Ouvir a vida, a criação, o próximo. Ouvir Deus.

Aquietem-se todos perante o Senhor, porque ele se levan­tou de sua santa habitação. Zacarias 2:13

Marcelo Martins é pastor, editor, escritor e professor. Formado em Letras e MBA em Gestão Estratégica de Pessoas.