Israel Belo - 30/09/2019 05h00

“A arte de viver é simplesmente a arte de conviver … simplesmente, disse eu? Mas como é difícil!”\ (Mário Quintana)

Somos felizes com o outro, não sozinhos. Por isto, convidamos pessoas para se juntarem a nós numa festa, para viajarem conosco, para participarem de nossas reuniões e conversas. Por isto, nós nos casamos e temos filhos. A solidão é insuportável.
A companhia do outro tem que ser prazerosa para todos.
O prazer de estar com o outro implica em deixar que conte seu sonho, mesmo que seja enfadonho, comparado com o nosso, que não contaremos por não ser a hora.
Estar bem com o outro começa quando chegamos a um compromisso no horário marcado, mesmo sabendo que teremos que esperar. Se chegarmos depois, procuraremos não incomodar, como se os pontuais fossem culpados. Nossa avó não nos disse que quem chega primeiro bebe água limpa ou nosso pai não nos ensinou que a janela do ônibus é para chega quem cedo?
Talvez tenhamos que nos assentar no lugar que nos demarcaram.
Talvez tenhamos que esperar a hora de nos servirmos no banquete.
Talvez tenhamos que aguardar o momento de falar ou de sair.
A presença do outro talvez peça nossos aplausos e aplaudiremos gostosamente porque a sua alegria tornou-se a nossa. Se é o dia do outro brilhar, não lhe tiraremos a glória.
Convidados, devemos agradecer pela lembrança, por vezes insistente. Convidados, devemos elogiar. Convidados e notarmos alguma coisa errada, ajudaremos a resolver sem que o outro perceba.
Talvez tenhamos que aprender a não atropelar as palavras do outro, as histórias do outro, o silêncio do outro, o jeito do outro.
Quando respeitar o outro não nos dói, podemos dizer que somos felizes.

“Mas, se vocês ficam mordendo e devorando uns aos outros, tenham cuidado para que não sejam mutuamente destruídos”. (Gálatas 5.15)

Israel Belo é pastor da Igreja Batista Itacuruçá, na Tijuca, Rio de Janeiro, graduado em Teologia e Comunicação, pós-graduado em História, mestre em Teologia e doutor em Filosofia.

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