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Cristo e a cura do conflitos de fé

Stephen dos Santos - 22/11/2018 05h00

“E ele mandou embora para sua casa, dizendo: Nem entres na aldeia, nem o digas a ninguém da aldeia.” (Mc 8.26 – BJK Fiel)

O cego de Betsaida, diferencia-se muito de outros cegos que Jesus curou. Primeiro porque somente Marcos conta sua história e, segundo, devido à complexidade para encontrarmos subsídios que nos levem ao descobrimento da identidade do cego. Afirmamos isso, após percebermos um pano de fundo, ainda que limitado, na história de outros cegos curados por meio de Cristo.

Quando recorremos a narrativa sobre a cura de Bartimeu (Mc 10.46 – 52), entendemos que Bartimeu significa “filho de Timeu”. Em João 9.1 -41, encontramos outro cego que João identifica como de nascença (Jo 9.1). Mais uma vez, temos um subsídio que pode nos levar ao esclarecimento sobre a vida deste cego. Porém, quando lemos sobre o cego de Betsaida (Mc 8.22 – 26), as informações são obscuras.

Contudo, lendo e analisando a orientação de Jesus após curá-lo, identificamos que possivelmente este homem não pertencia a aldeia de Betsaida. Cristo o orienta a ir para sua casa sem passar pela aldeia onde foi encontrado (Mc 8.26). Agora, como este homem parou na aldeia sendo cego?

Subentendemos que ele tenha ficado cego no caminho de casa, já que a aldeia se encontrava em um caminho alternativo para sua casa. Então, uma vez cego, sem conseguir prosseguir no caminho, parou nessa aldeia. Em uma outra análise mais minuciosa, discernirmos o quanto esse milagre tem ligação com as outras histórias do capítulo 8.

Olhando as passagens em torno dessa, veremos Jesus repreendendo conflitos na fé dos discípulos. A multiplicação de pães e peixes (Mc 8.1-10) é seguida com a repreensão aos fariseus que pediam um sinal do céu (Mc 8.13 -21). Logo depois, temos a cura do cego de Betsaida e a confissão de Pedro.

Todas as histórias do contexto falam de um caminho entre a fé, envolto por questões que suscitam dúvida. Os discípulos participando do milagre da multiplicação de pães e peixes, vendo os fariseus pedirem um sinal e serem repreendidos por Jesus, foram advertidos sobre o “fermento” que poderia comprometer a pureza do Evangelho e a seriedade das obras de Jesus.

Discípulos estes que, em seguida, também foram repreendidos por Cristo, e presenciaram a cura do cego e, no fim, viram um deles, Pedro, confessando Cristo como o Ungido de Deus.
A cura deste cego, também era para tratar os discípulos. O rapaz acidentado ficou cego fisicamente e perdeu o rumo de casa. Os discípulos estavam vendo, porém foram alvos da incredulidade que
depende de sinais, alterando o rumo aos céus.

Um cego físico direcionado pela multidão não era pior que os discípulos que estavam beirando a cegueira espiritual, mesmo caminhando com Cristo. A fé hipócrita ocultava a suficiência de Cristo, a compreensão de seus milagres, fazendo os fariseus pedirem sinais (Mc 8.11-12). Sendo a multidão dos que eram contra, maior que a dos que criam, é compreensível o conflito de fé dos discípulos. Por isso, Jesus vai alertá-los: “Fiquem atentos,guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes” (Mc 8.15). E depois de repreendê-los (Mc 8.15-21), vai ser parado com uma multidão que leva este cego até Ele, “rogando que lhe tocasse” (Mc 8.22).

Sabendo que sua morada não era ali, Jesus toma ele pela mão e o leva para fora da aldeia (Mc 8.23). Obviamente, se aquele cego estivesse com visão, não teria seguido passando por Betsaida. A aldeia de Betsaida (Mt 11.20-24) era uma aldeia maculada pela incredulidade de seus habitantes.

Essa pode ser uma das razões que fez Cristo tomá-lo pela mão e levá-lo para fora da aldeia. Ao encontrar-se com Cristo, na presença do mesmo, o cego é liberto das limitações adquiridas pela ausência da visão, sendo posto novamente no caminho de retorno ao lar. Semelhantemente, Cristo não queria seus discípulos no meio de pessoas que não cressem se ainda não estavam com a fé consolidada. Por isso, todo afastamento pelo relacionamento e controle de suas mãos era necessário para que não perdessem o rumo, não saíssem do caminho.

Como Jesus estava tratando profundamente dos discípulos e trata de nós com essas atitudes! Precisamos entender que podemos ser afetados no percurso por algo e alguém que na sua incredulidade ganhe espaço em nossa fé sendo amadurecida. Geralmente, essas pessoas são como os fariseus que pediam sinais em cima de sinais e não criam, pois sinal sustém a dúvida, pois a dúvida depende de sinais. A fé, porém crê na suficiência que há no Cristo, Filho do Deus Vivo (Mc 8.29)!

Desconhecemos quem tenha conseguido sair do lugar em que está sob conselhos de incrédulos, frustrados e acomodados. E conhecemos quem, em Jesus, irrompeu com o pecado, com o mundo, com o Maligno e as provações do tempo presente pela fé!

Cristo nos convida à sair da mão de pessoas (Mc 8.22) e domínio de suas palavras para sermos tomados por Jesus (Mc 8.23a), redirecionados por Ele (Mc 8.23b, 26) e, uma vez restabelecidos na consciência e na vista pelo seu toque e elemento que sai de sua boca (Mc 8.23,24; Gn 1.3a), sejamos postos no caminho que Ele quer que estejamos, a fim de que possamos voltar para onde não deveríamos ter saído, desfrutando daquilo que Ele compartilhou conosco e plantou em nós: a vitória que vence o mundo: a nossa fé (I Jo 5.4)!

Stephen dos Santos é evangelista da Assembleia de Deus em Nova Iguaçu, seminarista pelo Centro Educacional Teológico das Assembleias de Deus no Brasil e estudante de História pela UniCesumar.

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