Brincando de Deus
Todas as vezes que nos enchemos de preocupação com relação ao dia de amanhã, agimos como se achássemos que somos Deus
Valtair Miranda - 29/07/2020 05h00
“Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?”. Mateus 6:25
Jesus, o nosso Senhor, sabia ensinar seus discípulos. Ele foi o maior mestre que já existiu entre nós. Sempre usou vários métodos de ensino. Um sempre me impressionou pela clareza e objetividade: suas perguntas retóricas.
O que é uma pergunta retórica? É uma pergunta que não precisa de resposta. Ou melhor, a resposta está implícita na pergunta. Quer um exemplo?
Aqui vai: “Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida?” A pergunta traz, implicitamente, a resposta: “Ninguém!”
Jesus não precisou dar a resposta, porque todos que o ouviam entenderam logo que nenhum ser humano que já viveu, que vivia naqueles dias, ou que ainda viria à existência, tinha o poder de acrescentar um minuto que fosse à sua vida. Só um ser pode fazer isso. É Deus.
Nesta pergunta de Jesus, entretanto, descobrimos algo mais. Ela nos ensina que apesar de sabermos que não podemos acrescentar nada à nossa existência, ainda assim agimos como se pudéssemos. Todas as vezes que nos enchemos de preocupação com relação ao dia de amanhã, agimos como se o poder de controlá-lo estivesse em nossas mãos. Nestes momentos, estamos brincando de Deus.
Quer um conselho? O caminho para a paz e a tranquilidade precisa passar, obrigatoriamente, pelo reconhecimento das próprias limitações. Vamos assumir a fragilidade humana na condução da história e deixar esse negócio de controlar o amanhã com quem pode fazê-lo: somente Deus.
Valtair Miranda é professor, conferencista e escritor de várias obras como O Caminho do Cordeiro e Lutero: História, Poder e Palavra. |