Além do perdão
Lucas 23:34 “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”.
Marcelo Martins - 06/12/2020 05h00
“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Lucas 23:34
Uma mulher vivia com seu único filho em um sobrado aconchegante. Ela ainda tentava se recuperar da perda recente do marido.
Naquele sábado, ela arrumava o guarda-roupa enquanto o rapaz preparava um lanche na cozinha. A campainha toca…
“Pode deixar, mãe! Eu vou atender”.
Quando abriu a porta da sala, o filho se deparou com um assaltante mascarado, muito agitado, que lhe apontava uma arma. Por instinto, o rapaz virou-se bruscamente para subir as escadas e proteger a mãe. O bandido, porém, interpretou aquele gesto como uma ameaça e atirou.
Ao ouvir o estampido, a mãe desceu desesperada. Tomou o filho nos braços, acariciou seus cabelos, mas era tarde. Por alguns instantes, o assaltante permaneceu ali, paralisado, enquanto a mãe olhava dentro dos seus olhos. Ela nunca se esqueceria daquele olhar.
Depois de se despedir do seu único filho, confortada por familiares e amigos, aquela mulher reuniu suas últimas forças e decidiu se dedicar totalmente à obra de Deus. Ela conhecia ao Senhor desde pequena. Estudou, se preparou e, após alguns anos, começou a pastorear um pequena igreja local, em um bairro perto de casa.
Os anos passaram… E mais um Natal se aproximava. Haveria uma linda festa na igreja. Aquela mulher – agora pastora – preparou sua melhor mensagem de fim de ano. Ela pregaria sobre a grandiosidade do amor de Deus.
Igreja cheia, tudo pronto. Os louvores traziam o céu à terra. Quando a pastora começou a caminhar em direção ao púlpito, Deus lhe falou ao coração:
“Hoje, eu quero que você ministre sobre perdão à minha igreja”.
Ela relutou por um momento, mas a voz do Senhor a convenceu.
Perto do final da mensagem, enquanto ela se preparava para fazer a oração final, mais uma vez Deus lhe falou:
“Filha, convide as pessoas que queiram pedir perdão para vir à frente, no altar. Assim que elas se aproximarem, abrace-as e declare o meu perdão sobre elas”.
Aquela mulher, mesmo se dedicando intensamente a Deus, ainda mantinha uma ferida aberta no coração. A cena do filho desfalecido nos braços, volta e meia, a atormentava. Se pelo menos ela soubesse quem teria sido o algoz da sua tristeza…
Ela obedeceu à voz do Senhor e fez o convite à igreja. Chegou até descer do púlpito para receber as pessoas… Mas ninguém se levantava. Havia um silêncio diferente no templo. Ela começou a questionar Deus:
“Senhor, parece que não há pessoas aqui que estejam dispostas a pedir perdão”.
De repente, um homem que estava sentado no fundo da igreja se levantou e começou a caminhar cabisbaixo em direção ao altar. A pastora, sentindo-se aliviada, glorificava a Deus porque pelo menos uma pessoa estava disposta a pedir perdão.
Quando o homem se aproximou e levantou os olhos, a pastora logo percebeu que havia algo diferente naquele olhar. Era ele… o assassino do seu único filho.
Ele tinha sido preso anos atrás por outros crimes. Havia acabado de receber liberdade condicional.
Chorando muito, ele se ajoelhou diante dela, dizendo: “Me perdoe! Me perdoe! Me perdoe!”. Quebrantada, ela o levantou e o abraçou apertado, como abraçamos um filho que estava longe há muito tempo. Os membros da igreja se entreolhavam sem entender nada. A pastora e o homem ficaram ali, diante de todos, abraçados e chorando por longos minutos.
Bem, deixarei que você escreva as cenas dos próximos capítulos dessa história, com base em suas experiências de perdão.
O que podemos aprender?
“Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”. Romanos 5:8
Deus não nos perdoou porque merecíamos. Ele nos perdoou porque o seu amor por nós é infinitamente maior do que os nossos pecados. Ninguém merece ser perdoado; o perdão não é fruto de merecimento, mas de “graça”.
Sempre que houver oportunidade de perdoar, perdoe. Mas não fique só nas palavras; vá além do perdão, abençoe de coração aqueles que ofenderam sua vida, que roubaram sua alegria.
Você perceberá que o perdão é a forma mais perfeita de liberdade.
Vamos conversar com Deus?
“Senhor Deus, a oração do Pai Nosso nos ensina que somos perdoados na medida em que perdoamos. Hoje, podemos ter de liberar perdão, mas amanhã talvez precisemos de perdão. Por isso, pai, dá-nos um coração que sempre esteja disposto a perdoar, ainda que as ofensas tenham gerado marcas profunda em nossa alma. Assim oramos, em nome de Jesus Cristo. Amém”.
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