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Afeto e apoio mútuo: elos de uma troca positiva

Graça e misericórdia

Graça e misericórdia / Foto: Pixabay

Luciano Vergara - 27/02/2020 05h00

Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também.” Colossenses 3:13

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ui nasceu de uma aventura e, assim, cresceu sem relacionar-se com seu pai. Por anos, viveu apenas com a mãe. Na adolescência, suas frustrações se combinaram de modo a torná-lo alguém reativo e desajustado em todo lugar onde convivia. Do pai distante, recebia apenas o recurso material para sobreviver, porém sem o afeto paterno ou vínculos com a família dos irmãos.

Mas aquela mãe solitária conheceu o Evangelho de Jesus e passou a levar o pré-adolescente Rui à igreja. E ali Rui começou a interagir com outras pessoas e aquele passou a ser seu ambiente. A Bíblia e os dilemas humanos eram seus assuntos preferidos. Mas a personalidade, já formada, estava sempre carente da vida familiar que não achava em casa.

Por esse tempo, mãe e filho buscaram no estudo um modo de complementar suas expectativas. Emancipado, Rui saiu em busca de aquisições intelectuais e profissionais.

Entretanto, a alternativa para o temperamento explosivo de Rui era trabalhar pelo sustento por conta própria. Adquiriu uma casa, mas não quis formar família. Cuidou da mãe até o fim de sua vida. Os irmãos, que pouco via, não estavam disponíveis para o pai e, deste modo, Rui teve de assumi-lo, idoso e viúvo, alguém com quem nunca tivera qualquer entrosamento, e passou a administrar o que sobrou do patrimônio dele.

Assim como cuidou da mãe, cuidou também do pai. E por fim, o órfão de meia-idade podia se dedicar a si mesmo. Foi estudar Teologia. Não para ser pastor ou porque quisesse um cargo eclesiástico, mas para dar continuidade a uma história de vida. Afinal, mesmo na igreja, os relacionamentos sempre terminavam em algum atrito.

Para estagiar, Rui precisou de uma congregação. Mas seu temperamento era uma dificuldade e, por isso, ninguém lhe ofereceu espaço para quatro meses de estágio. Então, desanimado, bateu à porta da última igreja, onde o pastor, apreensivo, o recebeu sob a condição de que ele controlasse o gênio forte e focalizasse no estágio, não em polêmicas teológicas.

Assim, Rui respondeu à oportunidade com fidelidade aos compromissos, pontualidade e disciplina na discussão das lições. A Palavra de Deus, “revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de entranhas de misericórdia, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade; suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos de amor, que é o vínculo da perfeição” (Colossenses 3:12-14), se concretizou naquele lugar.

No mês da campanha missionária, surpreendentemente, Rui doou sozinho metade da arrecadação da igreja. Enfim, o que prometia ser um tormentoso convívio, tornou-se uma experiência enriquecedora e inesquecível de afeto e apoio mútuo que se transformou em amor e amizade duradoura.

Luciano Vergara é pastor metodista, professor do Seminário Teológico Betel e jornalista.
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