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Acostume-se com a mudança

Maurício Zágari - 14/05/2019 05h00


“O que foi tornará a ser, o que foi feito se fará novamente; não há nada novo debaixo do sol”
(Eclesiastes 1:9).

O ser humano é curioso. Por um lado, queremos que muita coisa permaneça como sempre foi. Por outro, precisamos constantemente de inovação, novidade, renovação. Algumas coisas mudam e nos chateamos por isso: “Estava tão bom. Puxa vida, não precisava mudar!”. Já outras nos levam a ansiar por transformação: “Não aguento mais isso. Bem que poderia ser diferente”. Como devemos lidar com a chegada do novo e o abandono do velho?

Se tem algo que não muda é a certeza da mudança das pessoas. Você pode verificar isso usando a si mesmo como exemplo. Você é o mesmo que há dez anos? Eu não. Muita coisa mudou em mim: ideias, valores, sonhos, objetivos, prioridades, gostos, temperamento… tanta coisa! Perceba que você já foi muitas pessoas diferentes ao longo dos anos e, se conseguir se dar conta dessa realidade, essa percepção o fará lançar um olhar mais complacente à mudança do seu próximo. É natural. É a vida. Não há nada novo debaixo do sol.

Quando você se dá conta de que as pessoas mudam, passará a viver mais feliz, mas, se espera que o próximo seja eternamente quem é hoje, sofrerá enormes decepções. Quando você entende que virtudes e características que o fascinavam em alguém, naturalmente, se perdem pelo caminho e que isso inevitavelmente os distanciará, você dará de ombros e prosseguirá em paz. Mais conformado. Sem frustrações.

Querido leitor, acostume-se com a ideia. Respeite a transformação alheia. Deixe ir embora quem não quer ficar. Aceite que você já não é tão importante assim para quem um dia não conseguia viver sem você. Acolha com alegria quem chega. Essa é a dinâmica dos relacionamentos, que se baseia em um princípio elementar: pessoas mudam.

Abrir-se para a chegada do novo, obrigatoriamente, significa abrir-se para a transformação do antigo. Não exija do próximo a imutabilidade. Respeitar que a pessoa que você amava de determinada maneira mudou e, hoje, é outra bem diferente, faz parte do amor que você tem por ela. E, se você está disposto a amar o próximo como a si mesmo, isso significa, entre outras coisas, respeitar as mudanças que o fizeram se afastar de você.

Sim, amar o próximo, cumprindo assim o grande mandamento, significa acatar as mudanças desse próximo, respeitar seus novos gostos, planos, valores e ideais e, na maioria das vezes, deixá-lo partir. Pessoas que optam por caminhar conosco por toda uma vida são raras, não são a maioria. Acostume-se à ideia. Fato é que, quando transformamos uma dolorosa perda em um suave abrir de mãos, transformamos uma hemorragia que não estanca em um barquinho de papel que desce o rio, suave e melancolicamente, correnteza abaixo.

Se você enxergar com bons olhos a mudança do outro e deixar partir quem não vê mais em você uma prioridade, estará dando mostras de maturidade, racionalidade e amor. Afinal, aprender a abrir mão de pessoas é um caminho para se alcançar a paz. É preciso tornar suportável a perda, até o dia em que estaremos com Aquele em quem não há mudança nem sombra de variação e que, por isso, jamais deixará de nos ver como prioridade, jamais se afastará de nós e jamais cessará de nos amar como se não houvesse amanhã.

Até porque, na verdade, na eternidade o amanhã não existe.

Maurício Zágari é teólogo, escritor, editor, comentarista bíblico e jornalista. Escreve regularmente em seu blog, Apenas. É membro da Igreja Cristã Nova Vida em Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro.
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