Israel Belo - 31/05/2020 08h00

“Eu não me envergonho de corrigir os meus erros e mudar de opinião, porque não me envergonho de raciocinar e aprender”. (Alexandre Herculano)

Depois de termos atravessado o isolado deserto, como estaremos?
Talvez feridos, revoltados, enfraquecidos, indignados, diminuídos.
Talvez renovados, robustecidos, reanimados, crescidos, melhorados.
Quando, sobrevivendo, pudermos olhar para trás, como nos sentiremos?

Cada passo da travessia é um esforço que pode ser uma lição.
Cada paisagem vista pode ser sensível verdade ou uma ilusão.
Diante do sofrimento alheio, podemos nos encastelar na negação.
Diante das perdas, podemos colocar nossos recursos à disposição.

Sem ter vindo para isto, o revés pode ser tempo de aprendizagem.
Toda manhã pode ser só uma manhã ou uma hora de meditação.
Todo dia de fim incerto pode ser recebido como convite à revisão.
Todo futuro imprevisível pode gerar ansiedade ou uma mensagem.

Devemos ainda crer no que sempre cremos ou afirmamos crer?
Devemos fazer o que sempre fizemos ou vamos nos reinventar?
Vamos nos reciclar ou fugir do tédio num parque de diversão?
Seguiremos na rota de sempre ou o nosso caráter vamos mudar?

A crise nos impõe uma agenda cujas linhas temos que preencher.
Gastaremos bem o tempo disposto se o usarmos para estudar.
Seremos melhores se a dor do outro à nossa alma incomodar.
Será valioso o triste deserto se nos fizer
Nossa fraqueza e nossa força perceber.

“Sei o que é passar necessidade e sei também o que é ter em abundância; aprendi o segredo de toda e qualquer circunstância, tanto de estar alimentado como de ter fome, tanto de ter em abundância como de passar necessidade”. (Filipenses 4.12)

Israel Belo é graduado em Teologia e em Comunicação, pós-graduado em História, mestre em Teologia e doutor em Filosofia.

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