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Cientista: ‘Design Inteligente anda de mãos dadas com Deus’

Físico cristão explicou do que fala a hipótese que gera polêmicas na ciência

Camille Dornelles - 03/03/2020 14h26 | atualizado em 03/03/2020 16h48

Físico cristão Evandro de Mello Foto: Ascom/UFF

O presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) nomeado em janeiro deste ano, Benedito Guimarães Aguiar Neto, defendeu, assim que chegou ao cargo, a inclusão do Design Inteligente no currículo da educação básica.

A hipótese é considerada uma vertente do criacionismo. O físico Evandro Mello, professor do Instituto de Física da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pós-doutor em Física, falou sobre a hipótese ao Pleno.News.

Ele é cristão e explicou que acha muito interessante, mas que o Design Inteligente não é unanimidade entre cientistas cristãos. Saiba mais sobre a vertente na entrevista abaixo.

O que diz a proposta do Design Inteligente (DI)?
Propõe que o arquiteto do universo, no caso Deus, atuou na criação de tudo e, principalmente, na formação da vida. Ela já foi proposta por algumas pessoas, principalmente devido à dificuldade de explicação por meio da ciência de diversos assuntos, a exemplo a própria criação do universo. A vida, o aparecimento das células vivas que se multiplicam, é uma grande incógnita. Logicamente não poderia aparecer se não fosse o arquiteto, se não fosse Deus.

Essa proposta foi ficando popular e ganhou popularidade com o livro do Michael Behe. Ele é um bioquímico que analisou uma célula viva e chegou à conclusão de que aquilo seria impossível de aparecer a partir de uma evolução. Ele compara a célula viva a uma grande fábrica de automóveis com geração de energia, absorção de insumos e com produção de lixo que tem que ser escoada… Além do mais, replica-se. Behe chama de “caixa-preta de Darwin”, porque na época de Darwin não se conhecia o interior das células e suas várias funções. Depois o DNA e o RNA foram descobertos, o que também são duas grandes incógnitas. Analisando essas complexidades, parece fácil a proposta de que isso tudo teve um arquiteto.

O senhor acredita na proposta do DI?
Eu sigo uma linha de cientistas cristãos que considera que a gente não pode modificar a ciência para incluir Deus. A existência de Deus é algo que está além do físico. Como muita gente fala, Deus é sobrenatural e a ciência é natural. A ciência não lida com o sobrenatural. Mesmo que algumas coisas sejam muito extraordinárias como a criação da vida no útero da mulher ainda é natural. A gente pode analisar, estudar. Eu, particularmente, tenho certa dificuldade de aceitar o Design Inteligente como teoria. Eu acho a proposta muito interessante. Li o livro do Michael Behe e acho interessante como uma proposta para mostrar como uma evidência da existência de Deus, mas não como teoria científica.


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Ela tem ganhado adeptos dentro da ciência?
Ela ganha adeptos dentro da ciência, principalmente entre os evangélicos. Basicamente, postula a existência de Deus como um projetor. Uma pessoa que não acredita em Deus não vai acreditar no Design Inteligente porque apresenta essas coisas, mas não é uma prova matemática. As provas científicas são aquelas que mostram em que condições os acontecimentos ocorrem e você é capaz de repetir um determinado experimento. Não há como repetir o início do universo para ver como foi o Big Bang ou se há a presença de um ser estranho. A proposta do Design Inteligente é uma coisa além da ciência. Dentro da ciência que só lida com aquilo que é visível e físico, ela não ganha adeptos. Só os que já têm uma fé.

É oposta à teoria da Evolução?
Não diria que é oposta. Tenta explicar coisas que a teoria da Evolução tem dificuldades. Mas o Design Inteligente não é uma teoria, é mais uma proposta. Assim, não seria oposta à teoria da Evolução que, aí sim, é uma teoria. O Design Inteligente anda de mãos dadas com a existência de Deus. A ciência que crê na proposta da evolução evoca os bilhões de anos. Segundo a ciência evolucionista, o universo tem cerca de 15 bilhões de anos, uma quantidade enorme que a gente não consegue compreender que teria permitido que coisas incríveis tenham acontecido, mas também não reproduz como teriam acontecido.

Por que é pivô de controversas entre cientistas?
O principal motivo de controversas é que os adeptos do DI usam esses exemplos citados anteriormente (criação do universo, complexidade celular, formação da vida) como provas científicas. Os não adeptos não as consideram provas científicas.

Mesmo gerando controvérsias, a proposta do Design Inteligente é antiga, sendo o termo usado desde 1987, e bem presente nas discussões da ciência. Segundo Aguiar Neto, merece espaço também nas discussões das salas de aula.

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