Censo 2022: Pastores comentam crescimento dos evangélicos
Grupo religioso já representa 27% da população
Leiliane Lopes - 09/06/2025 18h51

O Censo 2022, divulgado pelo IBGE na última sexta-feira (6), revelou que os evangélicos agora representam 27% da população brasileira. O avanço contínuo desse grupo religioso no país gerou reflexões entre líderes de diferentes denominações, que apontam motivos diversos para esse crescimento.
Para o pastor André Samuel Câmara, presidente da Assembleia de Deus Missão em São José dos Campos (SP), a expansão das igrejas evangélicas está diretamente ligada à sua estrutura descentralizada e capacidade de alcance.
– O crescimento se dá pela descentralização e capilaridade das igrejas evangélicas. As igrejas evangélicas não dependem de uma estrutura central complicada, o que faz com que elas se espalhem com facilidade. Elas conseguem abrir templos rapidamente, inclusive em lugares distantes ou carentes, onde o governo e outras religiões nem sempre chegam. Isso faz com que estejam presentes em comunidades pobres, oferecendo apoio espiritual e até ajuda prática para quem mais precisa – disse ele ao Pleno.News.
O pastor Marcos Dias, que também é vereador no Rio de Janeiro e atua como pastor auxiliar na Catedral das Assembleias de Deus em Santa Cruz (CADESC), vê o aumento como reflexo da atuação social das igrejas.
– Quase 27% dos brasileiros hoje se declaram evangélicos. Isso não é estatística, é um sinal dos tempos. Onde o poder público falha, a fé chega primeiro – acolhe, ensina, transforma. O povo está buscando direção, valores e esperança. E tem encontrado isso na igreja – afirmou.
Segundo o pastor luterano Mário Rafael Fukue, o crescimento evangélico pode ser explicado por quatro fatores principais: uma fome espiritual que leva à busca por sentido em tempos de crise; o dinamismo missionário das igrejas, que têm usado estratégias modernas para alcançar novos públicos; o senso de comunidade e pertencimento que muitas igrejas oferecem; e uma comunicação acessível, com linguagem direta e uso das mídias digitais.
– Do ponto de vista da Igreja Luterana, é essencial lembrar que o verdadeiro crescimento da Igreja ocorre quando Cristo é pregado como Salvador dos pecadores, e quando os meios da graça — Palavra e sacramentos — são fielmente administrados. O desafio, portanto, é que esse crescimento evangélico não se desvie para um triunfalismo terreno – teologia da prosperidade – ou para um evangelho diluído, mas que conduza as pessoas a uma fé sólida, centrada na cruz – declarou Fukue, citando 1 Coríntios 2:2.
Já o apóstolo Estevam Hernandes, líder da Igreja Renascer em Cristo e idealizador da Marcha para Jesus no Brasil, acredita que os dados oficiais subestimam a realidade.
– Em relação ao crescimento dos evangélicos, onde esse senso ele mostra que nós estamos com 27% aproximadamente da população, eu particularmente creio que nós já somos 35% no mínimo, um crescimento extremamente expressivo, e os motivos desse crescimento têm sido a propagação do Evangelho através do evangelismo, tem sido através de grandes eventos como a Marcha pra Jesus, que estimula também as pessoas a entregar a vida pra Jesus – declarou.
E continuou:
– E a grande proliferação das igrejas nas regiões mais periféricas levando o Evangelho vivo daquilo que é o anseio, expectativa espiritual das pessoas, nas quais elas encontram no Evangelho, e os testemunhos trazem ser feito multiplicador, e eu creio que nós estamos a caminho de nós termos uma população evangélica sendo maioria no Brasil.
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