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Cantora Marina de Oliveira fala dos 30 anos da MK

Diretora artística da gravadora conversou com Revista Sucesso!, importante periódico de música

Lorena Brum - 17/07/2017 18h21 | atualizado em 24/07/2017 13h38

A Revista Sucesso! entrevistou Marina de Oliveira, primeira artista contratada e atual diretora artística da MK Music. A cantora fez um balanço das três décadas de atuação da gravadora, que tem como presidente a sua mãe, Yvelise de Oliveira. O periódico traz importantes matérias sobre grandes nomes da música mundial, seja do meio secular ou gospel.

Na nova edição trimestral de julho a setembro (nº 106), Marina falou do início da empresa, da aposta 100% no segmento digital e sobre as comemorações dos 30 anos, com o lançamento do projeto Grandes Encontros, 30 live sessions com os maiores sucessos da gravadora.

Confira na íntegra a entrevista com Marina de Oliveira:

A MK ajudou muito a profissionalizar as carreiras artísticas no universo gospel. Como era a relação artista-gravadora, artista-mercado de shows, antes da MK?
Pode-se dizer que tal relação nem existia, já que o mercado fonográfico gospel era bastante pequeno e amador, não no sentido pejorativo, mas sim porque naquela época acreditava-se que, para Deus, podia ser simples e sem compromisso com a qualidade ou com a questão artística. O que eu concordo plenamente, porque para Deus o que importa é o coração, mas o homem é atraído pelos olhos, pela beleza, pela qualidade, pelo diferente. Então, para alcançá-los e converter pessoas no mundo, temos que usar todas as ferramentas disponíveis.

A MK foi criada no momento em que o CD começava a se popularizar no Brasil. Acredita que o crescimento da gravadora está ligado àquela fase mágica da indústria, quando ouvir música em CDs era febre entre admiradores de todos os gêneros musicais?
Com certeza não… Nosso mercado era então totalmente segmentado no público evangélico, nossos CDs não eram vendidos em lojas não evangélicas e nem em cadeias de grandes lojas de departamentos. Estávamos restritos a vender nossos CDs apenas em lojas de produtos evangélicos. Essa abertura de mercado, inclusive, foi muito difícil, principalmente por causa do preconceito velado à música religiosa

Você considera seu disco Imenso Amor o primeiro produto gospel brasileiro feito com padrão de qualidade artística e técnica? Ele virou referência para outros artistas?
Não sei se foi exatamente o primeiro, mas tenho certeza que foi um dos primeiros com qualidade técnica internacional e talvez, sim, o primeiro a ser apontado e reconhecido como tal. Isso é ser referência, e foi muito bom porque elevou os padrões de produção da nossa música, impulsionando um movimento de ajuste ao tão novo mercado da música gospel brasileira.

É verdade que este disco foi feito de forma despretensiosa e que num primeiro momento a MK foi criada apenas para lançar seus discos no mercado?
Se despretensiosa significa ‘não tínhamos nem ideia do que iria acontecer’, pode ser. Mas planejamos o LP com muito cuidado e excelência, apesar do nosso pouquíssimo conhecimento musical. Eu me preparei com aulas de canto, que continuei fazendo por mais quatro ou cinco anos, e o LP foi produzido com recursos de familiares usando tudo que havia de melhor na época. A única pretensão que eu tinha era mostrar que a música gospel podia e deveria ser de muita qualidade. Mas a verdade é que nenhuma loja queria comprar um LP com uma capa tão diferente e principalmente de uma cantora que ninguém conhecia… É bem assim até hoje, não é mesmo? Mas quando a música “Faça um Teste” explodiu, a história mudou e tivemos realmente que criar uma empresa (MK Publicitá) para vender as enormes quantidades de LPs para as lojas evangélicas e igrejas.

Sua performance no palco e seus figurinos, naquela época (30 anos atrás), chegaram a “chocar” o público mais tradicional, não é verdade? Pode falar a respeito?
A verdade é que ninguém aceita mudanças com facilidade… principalmente no segmento religioso, com tantas doutrinas e costumes. Nunca foi minha intenção chocar ou escandalizar ninguém, mas de alguma forma caiu sobre mim a difícil tarefa de quebrar tantos e tantos paradigmas e estereótipos. Meu objetivo sempre foi conquistar aqueles que jamais ouviram falar de Deus e para isso eu tinha que me mostrar diferente, porque igual já tinha muita gente boa.

Por outro lado, acredita que seus shows na época e o disco Imenso Amor foram fundamentais para renovar o público evangélico – uma vez que os jovens se encantaram com seu trabalho?
Não posso dizer que fui uma boa referência, mas posso dizer que tudo que eu cantava e dizia eram e são muito verdadeiros. A palavra de Deus é imutável e perfeita. Hoje eu sei que fui apenas um instrumento diferenciado e muito bem capacitado pela graça de Deus para falar dessa verdade que salva e liberta. Sim, tudo mudou… e é maravilhoso saber que eu fiz parte desta mudança.

Pode citar os produtos e os artistas mais representativos que passaram pela MK nesses 30 anos?
Puxa vida… todos tiveram um papel muito importante na conquista do que hoje somos. Alguns saíram e voltaram e alguns continuam aqui desde sempre. Isso significa que também desempenhamos nosso papel muito bem com esses ministérios. Dos que estão conosco há anos e foram alicerces da nossa empresa eu citaria Cassiane, Aline Barros, Fernanda Brum, Kleber Lucas e Bruna Karla.

Qual a importância de dona Yvelise de Oliveira, sua mãe, para o êxito da MK?
Minha mãe é empreendedora e também uma excelente empresária. Tem uma tenacidade única e uma incrível visão empresarial. Em 1993, ela assumiu a gestão da gravadora e foi sem dúvida a maior responsável por transformar um grande sonho numa realidade comercial. Por isso somos uma empresa que sonha e realiza. A parte do sonho fica pra mim (rs).

Como a companhia tem se adaptado aos formatos digitais? As majors hoje em dia faturam muito mais com streaming (Spotify, YouTube etc.) do que com vendas físicas. Isso também acontece com a MK? Aliás, quem são os líderes de vendagem da companhia, tanto no físico quanto no digital?Estamos muito bem posicionados nesta nova corrida digital. Aliás, já passamos por várias mudanças de suporte fonográfico desde o LP e da fita K7. Mas nesse caso específico, a mudança é de comportamento e de mentalidade. As pessoas mais maduras e as de baixa renda ainda têm muita dificuldade de entender como usar os novos serviços de streaming, além de também dependerem de smartphones e conexões com a internet. Mas o que é bom é bom em qualquer formato. Claro que alguns artistas têm um perfil mais digital por causa do segmento de público que alcançam. Mas, por incrível que pareça, todos os nossos cantores ainda fazem questão do CD físico. Os nossos líderes de vendagem nos dois segmentos são os mesmos, porque para nós o físico ainda se mistura com o digital: Bruna Karla, Anderson Freire, Flordelis, Fernanda Brum e Aline Barros.

Quantos artistas atualmente a companhia tem no cast? Já pensaram em abrir o leque para outros gêneros musicais?
Hoje temos mais de 45 artistas em nosso cast. Somos muito cuidadosos com nossas contratações porque precisamos ter certeza do que está “por trás” da música. Não basta apenas ser muito bom, tem que ser crente. Por isso a possibilidade de abrirmos nosso leque para qualquer outro tipo de música que não seja gospel é impossível porque não é apenas um negócio, é a nossa crença, a nossa fé, a nossa vida. Nós somos gospel!

Em todos os casos dos contratados, a MK cuida da produção, lançamento e promoção dos produtos ou isso depende, varia de acordo com cada contrato?
Sim, cuidamos de tudo desde o momento da contratação. E é exatamente igual para todos, não existe diferença em relação a contratos. Tenho certeza que para o consumidor é impossível diferenciar contratos de distribuição e de produção executiva. Queremos que todos aconteçam, alcancem êxito, e fazemos todo o possível para isso.

Quais os lançamentos da MK nos quais você mais aposta neste segundo semestre?
Fica difícil dizer porque hoje tudo é tão rápido… A gente planeja uma coisa e o público gosta de outra, mas eu, particularmente, estou inclinada para o segmento jovem com o álbum Pintor do mundo, do Pr. Lucas. Ele vem crescendo muito no universo digital e este será seu terceiro trabalho pela gravadora.

Por que a MK não se envolve na venda de shows de seus contratados como fazem as majors, que criaram departamentos de vendas ou fecharam parcerias com escritórios artísticos para negociar datas de seus artistas (cedidas por estes em troca de produção, mídia etc.)?
Essa é uma questão bem delicada para nós porque não somos uma gravadora secular que tem um braço gospel. Somos uma gravadora totalmente gospel e entendemos que cada cantor é um artista diferenciado pelo chamado profético da obra missionária que executa. Esse é mais um paradigma que certamente teremos que quebrar, mas não estamos convencidos disso ainda.

Há algum projeto que gostaria de destacar relativo ao aniversário de 30 anos da MK?
Sim, fizemos um projeto chamado Grandes Encontros – a gravação de 30 live sessions com os maiores sucessos da gravadora cantados por 30 de nossos cantores em duetos inesquecíveis. A história da MK está sendo contada através dessas músicas e dos encontros dos intérpretes. Através dessas lives, que se transformarão em três álbuns disponíveis em CD e em todas as plataformas digitais, a nova geração poderá conhecer um pouco mais da história da maior gravadora cristã do país, assim como da música gospel brasileira.

Para conferir a entrevista no formato digital, clique aqui.

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