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Blocos de evangelismo no carnaval: Certo ou errado?

Pastores falam o que acham sobre a prática de igrejas evangélicas

Camille Dornelles - 20/02/2020 17h27 | atualizado em 21/02/2020 10h43

Bloco Sou Cheio de Amor, da Igreja Batista Atitude Foto: Reprodução

Como forma de cumprir o serviço da pregação do Evangelho, algumas igrejas do Brasil passaram a organizar projetos para evangelizar blocos de rua durante o carnaval. Iniciativas já tradicionais de muitas denominações atraem também aqueles que não gostam da folia carnavalesca e querem outro sentido ao feriadão.

Mas as ações não são consenso dentro do meio evangélico. O pastor Josué Valandro Jr., da Igreja Batista Atitude, defende que o intuito é colocar os cristãos nas ruas e mostrar outra forma de alegria aos foliões.

-Nós acreditamos muito nos blocos de evangelismo porque durante o carnaval as pessoas são confrontadas por vários sentimentos, da sua carnalidade, das suas angústias, dos seus medos. Quando elas se sentam veem que aquilo tudo não proporciona na vida delas o que esperariam. Então a gente pega as pessoas nesse momento de questionamento pessoal. A resposta é que essa folia causa angústia, mas a alegria que Cristo traz é forte – afirmou ao Pleno.News em entrevista.

O pastor Valandro afirma que quase 2 mil pessoas se decidiram por Cristo no último impacto e que algumas delas passaram a frequentar a igreja. O bloco Sal da Terra, que atua no Pelourinho há 20 anos, tem uma média de 500 participantes por ano e, segundo dados do próprio grupo, já impactou milhares.

– Desde 2000 estamos nas ruas promovendo a mensagem de Jesus aos foliões e alcançamos resultados positivos. Muitas pessoas tiveram suas vidas transformadas para sempre, pois encontraram uma alegria que dura o ano inteiro – apontou o líder Mike Mohr.

Além da Igreja Batista Atitude, do Rio de Janeiro, outras mantêm as iniciativas dos blocos, como Cara de Leão, do Projeto Vida Nova; Sal da Terra, da Igreja Batista Missionária da Independência, de Salvador; Bateria Reação, da ADVEC Recreio, do Rio de Janeiro; Bateria Abençoada, da igreja Bola de Neve do Rio de Janeiro; e Mocidade Dependente de Cristo, da CEIZS, também do Rio de Janeiro.

Ao Pleno.News, pastores falaram sobre suas visões. Outro pregador que apoia as iniciativas é o apóstolo Ezequiel Teixeira, do Projeto Vida Nova. A denominação possui uma ação de carnaval há 15 anos.

– Nós não nos retiramos no carnaval, nós usamos o Bloco Cara de Leão para ganhar vidas. É uma estratégia para gerar muitos filhos para Deus – defende ele.

CONTRAPONTO
Cristãos contrários ao modo de evangelismo criticam principalmente a “mistura” do mundo com a igreja. Há outras críticas, também. O pastor Renato Vargens, da Igreja Cristã da Aliança, por exemplo, afirmou ao Pleno.News não concordar com o formato adotado.

– Preocupa-me a forma escolhida para o desenvolvimento dessa missão. O que me preocupa efetivamente não é o desejo de evangelizar, nem tampouco a vontade de pregar as Boas Novas da Salvação Eterna aos que se perdem e sim a forma. Porque nem toda contextualização é bíblica. Quando a contextualização abre portas ao mundanismo, paganismo, e a ausência de santidade, ela precisa ser rechaçada – apontou.

Ele defendeu que, “definitivamente, o Brasil precisa de um avivamento”. Mas também criticou o evangelismo “de ocasião” que pode ocorrer.

– Acredito que a evangelização se dá de forma contínua e de modo relacional, isto é, todos nós, somos chamados a evangelizar os que se relacionam conosco através de palavras, testemunhos, durante o ano e não em eventos esporádicos – defendeu.

Pastor Willian Lourenço Braga, o Lilico Foto: Pleno.News

Outro pregador que criticou os blocos de evangelismo foi o pastor Willian Lourenço Braga, o Lilico, ex-mestre-sala da Escola de Samba da Mangueira. Por ter vivido os bastidores do carnaval, preocupa-se com a inserção dos cristãos no meio tradicionalmente anticristão.

– Como crentes que se dizem lavados e remidos pelo sangue de Jesus podem ir para as ruas e se juntar com atividades que fazem homenagens a tantas entidades? – indaga.

Ele afirmou ao Pleno.News que uma experiência sobrenatural com Deus quando ainda era integrante da indústria do carnaval mudou sua visão.

– Olha, já estive dos dois lados. Quando estamos do lado de lá, a visão é cultural, é só artística. Mas do lado de cá, é sempre de idolatria, é uma idolatria ao diabo. Sou desfavorável a esse tipo de manifestação da igreja, que teria muito mais campo para evangelização sem ser dentro do carnaval, na minha opinião. Creio que os crentes não deveriam estar dentro de um ambiente que é consagrado ao diabo – aponta.

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