A importância da Igreja do Brasil em casos de catástrofes naturais
Série "Somos a Igreja, Estamos de Pé" conta como a Igreja evangélica no Brasil desempenha seu papel social
Juliano Medeiros - 01/08/2024 11h57 | atualizado em 01/08/2024 12h06
Há milhares de anos, Jesus falou que o Sol, a Lua e as estrelas darão sinais dos finais dos tempos. Há quem interprete que as pragas descritas em Apocalipse 16 tenham relação com as mudanças climáticas, mas não há nenhuma profecia específica de Jesus sobre o assunto.
Então, seja pela ação humana ou eventos naturais, o desequilíbrio climático se multiplica pelo mundo e deixa um rastro de destruição. Poluição, desmatamento e queimadas são apontados como responsáveis pelo colapso ambiental do planeta. Afinal, o mundo em alerta é uma consequência da natureza em fúria ou dos sinais dos finais dos tempos? O teólogo e arqueólogo, Rodrigo Silva, tem uma resposta.
– Uma coisa é fato: o princípio de destruição da natureza, que é um pecado contra a criação de Deus, está sim claramente previsto na Bíblia. Então, as mudanças climáticas podem ser um resultado desse efeito cumulativo do pecado humano sobre a Terra e de uma ação pecaminosa do ser humano sobre a natureza.

Em abril de 2024, chuvas torrenciais atingiram o Rio Grande do Sul. Em poucos dias, o volume acumulado de água bateu o recorde dos últimos 40 anos, inundando o equivalente a 95% do território do estado. Passados três meses do momento mais crítico, o tenente coronel Rafael Luft, coordenador da Defesa Civil Gaúcha, afirma que ainda há muito o que fazer.
– A Defesa Civil do Rio Grande do Sul continua promovendo as ações de apoio às famílias nos abrigos, e mantendo o apoio a todo momento aos municípios que são responsáveis pelos abrigos, e já iniciamos o trabalho de reconstrução das estruturas públicas e privadas que foram afetadas. Nós não podemos deixar de citar o papel das igrejas evangélicas que foram fundamentais no processo.

A Agência Humanitária da Igreja Adventista do Sétimo Dia foi uma das instituições evangélicas que se mobilizou para oferecer ajuda. A ONG distribuiu alimentos e materiais de higiene, assistiu desabrigados e deslocou uma carreta equipada com diversos serviços, entre eles, uma lavanderia.
André Alencar, coordenador de emergência da Adra Brasil, fala que os números da tragédia foram proporcionais à força que a igreja reuniu para prestar o apoio possível.
– A dimensão dos números desta tragédia é proporcional à nossa tristeza, mas também proporcional a motivação que a gente tem para prestar o serviço em favor dessas pessoas afetadas. Especialmente porque todas essas tragédias acontecendo ainda não tiram de Deus o controle sobre este mundo. Todas as coisas ainda estão sob o cuidado Dele e essas pessoas também estão e estarão. Graças a Deus, é que ações como estas, feitas pela Adra, podem atender as necessidades delas.

A tragédia no Rio Grande do Sul soma 179 mortos e 34 pessoas seguem desaparecidas. Mais de 2 milhões e 300 mil moradores foram afetados pelas inundações. Parte perdeu tudo o que havia conquistado ao longo da vida.
Larissa Sales, de 23 anos, que saiu de São Paulo para ser missionária da Jocum na cidade de Eldorado do Sul, viu a água tomar conta das casas e da própria instalação religiosa onde estava hospedada. Mesmo em dificuldade, ela atuou na linha de frente.
– Na Jocum, a gente tem essa prática de ser interdenominacional, de sermos várias pessoas de igrejas diferentes, mas lutando por um só propósito. Então, a gente realmente espera que isso que tá acontecendo, essa mobilização das igrejas, e até de pessoas não cristãs, que não pare só nessa calamidade, mas que se estenda para um longo prazo.
Larissa Sales
Fabiola Tavares, gerente executiva da Junta de Missões Nacionais, acompanhou de perto o sofrimento dos gaúchos. Ela acredita que as tragédias climáticas, que devem se intensificar nos próximos anos, serão um grande desafio para a Igreja.
– Talvez, catástrofes como esta, isso precisará estar na pauta estratégica das nossas igrejas. Então, os pastores precisam estar atentos a essas questões, pra gente poder compartilhar o amor de Deus, a Palavra de Deus que é de fato o que é maior necessidade das pessoas. A gente não quer levar a ação social somente pela ação social. A gente quer fazer um trabalho sério de evangelização e transformação social.

As inúmeras iniciativas junto aos atingidos pelos temporais, por meio das organizações religiosas cristãs, podem abrir novas perspectivas para a Igreja no Rio Grande do Sul, um dos dos estados mais ateus do país, de acordo com o censo do IBGE.
Cassiano Luz, diretor executivo da Aliança Cristã Evangélica do Brasil, diz que há uma expectativa para um novo tempo no campo missionário por lá.
– Se isso vai acontecer ou não, a gente vai precisar de um tempo maior para observar. Há uma cultura materialista muito forte no Rio Grande do Sul que eu percebo e também as pessoas têm um orgulho cultural muito grande que são uma série de fatores que acabam representando barreiras ao Evangelho. A gente imagina que, após uma tragédia, uma situação de instabilidade como essa, as pessoas vão se voltar mais para Deus.

Em 1 João 3:17, está escrito: “Se alguém possuir recursos materiais e, observando seu irmão passando necessidade, não se compadecer dele, como é possível permanecer nele o amor de Deus?”. Já em Romanos 12:8-14 lemos: “Quem reparte com os outros o que tem, que faça isso com generosidade. Quem tem autoridade, que use a sua autoridade com todo o cuidado”.
*A série Somos a Igreja, Estamos de Pé é uma produção da Rádio 93 FM. Você pode ouvir este episódio na Deezer e conferir as próximas reportagens às quintas-feiras no programa Debate 93.