Gravação mostra Robinho rindo com amigo: “Não estou nem aí”
Jogador teria dito em ligações grampeadas que participou de ato com mulher albanesa
Pleno.News - 16/10/2020 13h21 | atualizado em 16/10/2020 16h30
Transcrições de interceptações telefônicas realizadas com autorização judicial mostraram que Robinho revelou ter participado do ato que levou uma jovem de origem albanesa a acusar o jogador e amigos de estupro coletivo, em Milão, na Itália.
Em 2017, a Justiça italiana se baseou principalmente nessas gravações para condenar o atacante em primeira instância a nove anos de prisão. Os detalhes da sentença condenatória foram revelados pelo globoesporte.com. Robinho foi anunciado como reforço pelo Santos no último fim de semana.
De acordo com a investigação, Robinho e outros cinco amigos, incluindo Ricardo Falco, que também foi condenado, levaram a mulher ao camarim de uma boate chamada Sio Café, em Milão, e lá abusaram sexualmente dela.
O caso aconteceu em 22 de janeiro de 2013, quando o atleta defendia o Milan. Os outros suspeitos deixaram a Itália ao longo da investigação, e por isso a participação deles no ato é alvo de outro processo.
No interrogatório, segundo o site, Robinho afirmou que manteve relação sexual com a vítima, mas que foi com o consentimento dela, e sem outros envolvidos. No entanto, as transcrições das gravações de conversas telefônicas entre o jogador e seu amigo Falco, publicadas pelo globoesporte.com, mostraram o contrário e indicam que eles sabiam que a vítima estava alcoolizada. As identidades dos amigos foram preservadas.
Falco: Ela se lembra da situação. Ela sabe que todos t**** com ela.
Robinho: O (NOME DE AMIGO 1) tenho certeza que g*** dentro dela.
Falco: Não acredito. Naquele dia ela não conseguia fazer nada, nem mesmo ficar em pé, ela estava realmente fora de si.
Robinho: Sim.
Além das gravações telefônicas, a polícia italiana instalou um grampo no carro de Robinho e conseguiu captar outras conversas. Para a Justiça italiana, as conversas são “auto acusatório”. As escutas exibem um diálogo entre o jogador e o músico Jairo Chagas, que tocou naquela noite na boate e avisou o atleta sobre a investigação. De acordo com o processo, ele respondeu:
Robinho: Estou rindo porque não estou nem aí, a mulher estava completamente bêbada, não sabe nem o que aconteceu.
Robinho: Olha, os caras estão na merda… Ainda bem que existe Deus, porque eu nem toquei aquela garota. Vi (NOME DE AMIGO 2), e os outros f**** ela, eles vão ter problemas, não eu… Lembro que os caras que pegaram ela foram (NOME DE AMIGO 1) e (NOME DE AMIGO 2)…. Eram cinco em cima dela.
Depois, Jairo, que é conhecido entre os brasileiros em Milão, novamente mencionou o episódio em outra conversa com Robinho em janeiro de 2014.
Robinho: A polícia não pode dizer nada, eu direi que estava com você e depois fui para casa.
Jairo: Mas você também t**** com a mulher?
Robinho: Não, eu tentei. (NOME DE AMIGO 1), (NOME DE AMIGO 2), (NOME DE AMIGO 3)…
Jairo: Eu te vi quando colocava o p**** dentro da boca dela.
Robinho: Isso não significa t****.
Robinho e Falco foram condenados com base no artigo “609 bis” do código penal italiano, que fala do ato de violência sexual não consensual forçado por duas ou mais pessoas, obrigando alguém a manter relações sexuais por sua condição de inferioridade “física ou psíquica”.
A decisão do Tribunal de Milão ainda não é definitiva e foi alvo de contestação das defesas do jogador do Santos e de Ricardo Falco. Os advogados dos dois apresentaram recurso e ambos respondem em liberdade. Há mais duas instâncias na Itália até o trânsito em julgado da ação, isto é, até se esgotarem os recursos. O caso será apreciado em segunda instância pela corte de apelação de Milão em dezembro.
A contratação de Robinho pelo Santos gerou uma repercussão negativa nas redes sociais. Vários torcedores, e também movimentos da sociedade civil, repudiaram o retorno do atacante. Um dos patrocinadores do clube decidiu romper o contrato na última quarta-feira “em respeito às mulheres”.
O presidente do Santos, Orlando Rollo defendeu o atleta e disse que não fará julgamento até o caso ser encerrado. Ele pediu prudência e lembrou do caso envolvendo Neymar, acusado de abuso sexual pela modelo Najila Trindade, e inocentado posteriormente.
*Estadão
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