Bolsonaro e Moro vão a jogo do Flamengo em Brasília
Mesmo na tribuna de honra do estádio, presidente teve interação com torcedores
Ana Luiza Menezes - 12/06/2019 22h59 | atualizado em 12/06/2019 23h12
Três dias após vir à tona diálogos que levantaram suspeita sobre a sua imparcialidade nos julgamentos da Lava Jato, o ministro da Justiça, Sergio Moro, acompanhou o presidente Jair Bolsonaro na noite desta quarta-feira (12) na tribuna de honra do estádio Mané Garrincha, em Brasília.
Minutos antes do início da partida entre Flamengo e CSA, pelo Campeonato Brasileiro, os dois surgiram para os torcedores. O presidente e assessores, em trajes informais. Moro, o único de terno e gravata.
Momentos depois, Bolsonaro vestiu uma camisa do Flamengo que recebeu de uma pessoa da arquibancada logo abaixo da tribuna.
Hamilton Mourão, Paulo Guedes, Jair Bolsonaro e Sérgio Moro, da esquerda para a direita, ficaram em uma tribuna do estádio Mané Garincha, em Brasília. Abaixo deles, torcedores tiravam fotos. Nesse momento, foi bastante aplaudido e apoiado. Logo em seguida, pediu que outro torcedor desse uma camisa para que Moro vestisse.
O ministro da Justiça, mostrando certo desconforto, despiu-se do paletó e vestiu a camisa do time de futebol por cima da camisa social. Houve aplausos e um breve coro de apoio.
Menos de um minuto depois, ele tirou a camisa e devolveu ao torcedor. O ministro da Justiça fez por várias vezes gesto de ‘V’ de vitória, além de erguer o punho, sempre demonstrando estar pouco à vontade no papel de torcedor.
Ele e Bolsonaro receberam apoio de torcedores que estavam na região perto da tribuna, apesar de um ou outro xingamento esporádico e um grito de ‘Lula livre ‘.
Momentos antes do jogo chegaram o ministro Paulo Guedes (Economia) e o vice-presidente, Hamilton Mourão. Bolsonaro interagiu com alguns torcedores e disse apostar em uma goleada do Flamengo por 4 a 0. O presidente torce para o Palmeiras. Moro apostou em 3 a 0, em gestos com a mão, mesmo placar apontado por Guedes.
COLABORAÇÕES
Segundo série de reportagens do site The Intercept Brasil, Moro e Deltan discutiam colaborações de processos em andamento e comentavam pedidos feitos à Justiça pelo Ministério Público Federal.
Para advogados e professores, a maneira como o atual ministro da Justiça e o procurador reagiram à divulgação das conversas, sem contestar o teor das afirmações e defendendo o comportamento adotado na época, aponta que o conteúdo é fidedigno e que ele pode servir de base para reverter decisões da Lava Jato, por exemplo, contra o ex-presidente Lula.
Por esse raciocínio, o fato de o material ter sido provavelmente obtido por meio de um crime faz com que ele não tenha como ser utilizado para acusar um suspeito, mas possa servir para absolver um acusado.
*Folhapress/Ranier Bragon
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