Paulo Moura - 07/05/2020 10h07 | atualizado em 07/05/2020 10h10

O ex-zagueiro Neto, sobrevivente do acidente com o voo da Chapecoense em novembro de 2016, pode considerar que quase literalmente “nasceu de novo” após o trágico acontecimento que matou 71 pessoas na Colômbia. A vida do agora ex-atleta e dirigente da chape tomou um novo rumo, mas ele conta que uma coisa esteve presente todos os dias desde então: as dores.

Em uma entrevista concedida ao jornal Estado de São Paulo durante o Prêmio Laureus, em fevereiro, e publicada nesta quinta-feira (7), Neto relatou que ainda tem dificuldades físicas, como dores, que o incomodam todos os dias.

– Sinto [dor], na coluna e no joelho. Mais na coluna. Todo dia. Nunca mais deixei de ter dor. Tem dias que eu tomo remédio para dormir, para aliviar um pouco, um relaxante muscular. Às vezes para deitar e para levantar, dói um pouco. Até o jeito de dormir incomoda um pouco mais – disse.

O ex-jogador também afirmou que o acidente trouxe traumas psicológicos, como o medo de viajar de avião. Apesar disso, ele afirma que luta para enfrentar seus temores.

– Agora mesmo eu vim de avião para cá (Berlim). Não é fácil andar de avião. Mas eu tenho que enfrentar meus medos. Meu medo não pode ser maior que a minha fé. Tento não perguntar o porquê das coisas ruins e nem o porquê das coisas boas – destacou.

Neto também disse se lembrar dos últimos momentos antes do avião se chocar contra a solo. Ele afirmou que ao sentir que o avião havia desligado, pediu a Deus por um milagre.

– O avião desligou, acabou o barulho do motor. Escutava o barulho do vento, o avião planando, tudo desligado, mexendo muito, e todo mundo pedindo a Deus. Eu falava muito: “Jesus, eu sei que você existe e sei que você faz milagres. Eu li na Bíblia. Eu li um monte de vezes a mesma coisa. Sei que tu pode nos ajudar” – relatou.

Para o futuro, apesar de ser atualmente o superintendente de Futebol da Chapecoense, Neto diz que tem vontade de se tornar pastor.

– Eu tenho vontade. Pastor é muito profundo, porque cuida de pessoas. Tem cada cara fanfarrão que fala que é pastor, que não cuida nem da própria família. Eu tenho muita vontade de falar de Jesus. É tão aberto e tão simples crer em Jesus, crer em Deus – completou.

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