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Adriano se diz incompreendido durante carreira

"Não era tratado como ser humano", disse o ex-jogador

Pleno.News - 19/07/2022 15h24 | atualizado em 19/07/2022 15h58

Ex-jogador Adriano Foto: Reprodução/Print de vídeo YouTube Podpah

Geralmente reservado e avesso a entrevistas, Adriano Imperador fez o que não gosta muito de fazer e falou por uma hora com a imprensa, nesta terça-feira (19). O ex-jogador de 40 anos, no entanto, se sentiu à vontade em abordar diferentes assuntos conectados à sua vida e carreira, muitos felizes, outros nem tanto.

Ele sentou na cadeira da sala de imprensa do estádio do Morumbi para dar seu relato sobre o documentário Adriano Imperador, produzido com a ideia de revelar um Adriano que poucos conhecem por meio de um relato em primeira pessoa do próprio ex-jogador. O ex-atleta está ansioso para ver a reação do público com a série documental.

– Mas não quero seguir carreira como ator, não – brincou.

Na conversa ao lado da diretora do documentário, Susanna Lira, Adriano se recordou da infância feliz na favela; o período na Inter de Milão; a rivalidade com os argentinos quando defendeu a Seleção Brasileira; comentou a respeito de sua relação com Ronaldo Fenômeno. Ele relembrou a morte de seu pai, Almir Leite Ribeiro, e falou sobre a depressão que enfrentou, bem como das cobranças e a pressão.

O ex-jogador também elencou os motivos de ter se afastado do futebol por mais de uma vez e de ter abreviado sua carreira e afirmou ter se sentido um dos atletas mais incompreendidos pela opinião pública em virtude de suas decisões.

– Eu era mal compreendido naquela época – resumiu Adriano.

A declaração foi a respeito das pessoas que o questionaram por ter pausado a sua carreira sem saber, na época, da morte de seu pai, em 2004, quando vivia o auge na Inter de Milão. Para ele, o caso tirou a alegria de jogar bola.

– As pessoas meio que não aceitavam que eu tomasse aquela decisão de me afastar do futebol. Mas, para mim, não importava. Importava realmente o que eu estava sentindo. Mas, eu fico triste porque eu não era tratado como um ser humano. Só viam o lado do futebol – afirmou.

A proposta do documentário, que será lançado no serviço de streaming Paramount+, na quinta-feira, é exibir as conquistas, lutas pessoais e familiares e, acima de tudo, o amor que Didico, como é carinhosamente chamado, sempre sentiu pela Vila Cruzeiro, favela do Rio de Janeiro onde nasceu e foi criado e para onde retornou quando deu uma pausa no futebol.

– É um documento histórico sobre uma comunidade, sobre o Rio de Janeiro que revela muito da alma do Adriano – enfatizou Susanna Lira, a diretora da produção.

Ela teve uma preciosa e inesperada ajuda de Pedro Paulo, um dos tios do ex-atacante. Tio Papau, como é chamado, documentou mais de 20 anos da vida de Adriano com uma câmera VHS. As valiosas imagens do ex-jogador e de seus familiares e amigos na Vila Cruzeiro têm destaque na série documental.

– É um tesouro que encontramos. O tio foi o grande documentarista, porque cada frame traduz o Adriano – reconheceu a diretora.

O ex-atacante quis voltar para seu povo, sua comunidade, para ficar com a família e os amigos que o conhecem desde quando era o “Adirano”, apelido criado sem querer pela avó, dona Wanda, que não conseguia pronunciar o nome do neto. Antes, portanto, de ele surgir na base do Flamengo, de ganhar a alcunha de Imperador em Milão e de deixar em prantos os argentinos na conquista da Copa América de 2004 com a Seleção Brasileira.

– Não me arrependo de nada do que aconteceu. Se pudesse, faria de novo. Voltei à favela pela minha felicidade. Pô, saí da favela para ser Imperador na Itália. Precisava dar uma recuada na minha vida. Naquele momento foi uma decisão pensada que eu tomei – explicou.

A série documental tem depoimentos de Aloísio Chulapa, Dejan Petkovic, Javier Zanetti, Léo Moura, Ronaldo Fenômeno e Massimo Moratti, presidente da Inter de Milão na época e uma das pessoas mais queridas por Adriano. Foi o empresário italiano que ajudou o Imperador quando teve de lidar com a depressão que o acometeu principalmente em decorrência da morte de seu pai. Poucos, segundo ele, davam atenção ao ser humano Adriano. Só se lembravam do Imperador, um atacante forte e impetuoso e dono de um chute potente em seu pé esquerdo, mas que tinha suas fraquezas.

– As pessoas não veem jogadores de futebol como um cara normal. Na minha época, quando eu comecei foi mais pesado, digamos assim. Mas a gente tem que saber compreender uma pessoa, independentemente de ser atleta ou trabalhador normal. A gente passa por dificuldades, ainda mais com a perda de um ente querido – ressaltou Adriano.

De acordo com a diretora do documentário, Susanna Lira, foi esse o ponto de virada na vida de Adriano. Esse também foi o assunto que mais deixou o ex-jogador emocionado durante a entrevista.

– Na época, eu decidi fazer aquilo tudo porque eu não estava a fim, não estava com a cabeça legal. Ganhava muito dinheiro na época, mas, pela educação que minha família me deu, isso era totalmente errado – disse ele.

*AE

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