“Não há sagrado para o humor”, declara Fábio Porchat
Humorista disse que brincar com religião não configura preconceito
Rafael Ramos - 14/10/2020 14h10 | atualizado em 14/10/2020 14h18
Criticado pela ministra Damares Alves por dizer que ter filhos é um inferno, o humorista Fábio Porchat foi o convidado desta terça-feira (13) do programa Conversa com Bial, da Rede Globo. Prestes a estrear na grade da emissora, nesta quinta-feira (15), com as reprises do programa Que História é Essa?, que vai ao ar no GNT, Porchat falou sobre a motivação para o próximo especial de Natal polêmico do Porta dos Fundos, com o sugestivo título Teocracia em Vertigem.
– Só se fala de política e o Porta dos Fundos vai falar de religião… Nunca se falou tanto de política e religião de uma vez só! No fim das contas fica a gente querendo politizar tudo, quando na verdade o mais esperto é quando o rei não percebe que o bobo da corte está fazendo piada com ele.
Teocracia em Vertigem, que será lançado no canal do Porta no YouTube, será no formato documentário e irá contar “a verdadeira história por trás do golpe que levou à crucificação de Jesus Cristo”. O roteiro terá 25 depoimentos de personagens que teriam ligação com Cristo, como os apóstolos, Pôncio Pilatos e testemunhas anônimas da história.
Porchat exibiu alguns trechos do projeto em primeira mão durante o Conversa com Bial. Em um dos trechos, um dos entrevistados questiona por que depositaram 89 milhões de moedas de prata na conta da ex-mulher de Judas Iscariotes, uma alusão ao suposto depósito feito por Fabrício Queiroz na conta da primeira-dama Michelle Bolsonaro, que até virou tema de uma música da banda Detonautas.
De forma irônica, ele criticou os evangélicos por criticarem as esquetes de humor do Porta dos Fundos. Fazendo menção ao episódio em que foi criticado por fazer uma piada gordofóbica, Porchat afirmou que não se retrata ao zombar das religiões, especialmente da fé cristã, porque isso não configura uma propagação de preconceitos.
– Acham que eu sou um vilão do Batman que fica em casa pensando “Como vou irritar os evangélicos?”. Sendo que, na verdade, eu penso “Como eu vou ser engraçado?”. Quando eu faço piada com religião, eu estou brincando, estou dessacralizando com uma coisa e não há sagrado para o humor.
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